Economia

ERSE avança com medidas para ajudar comercializadores em apuros com os preços recorde na eletricidade

ERSE avança com medidas para ajudar comercializadores em apuros com os preços recorde na eletricidade
Alex Iby

Para tentar impedir o colapso dos comercializadores de eletricidade e gás, o regulador da energia decidiu avançar com um conjunto de iniciativas, mas com duração limitada no tempo

ERSE avança com medidas para ajudar comercializadores em apuros com os preços recorde na eletricidade

Miguel Prado

Editor de Economia

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) quer avançar com um conjunto de medidas para ajudar os comercializadores de energia a fazer face à vaga de preços recorde no mercado grossista de eletricidade, de forma a evitar o colapso desses fornecedores, como vem sucedendo em alguns mercados europeus, nomeadamente o britânico.

Em comunicado, a ERSE informou esta sexta-feira ter enviado às empresas de comercialização de eletricidade e gás uma proposta com um conjunto de medidas para audiência de interessados, antes da aprovação das iniciativas.

Uma das medidas prevê "uma mais rápida adaptação do conjunto de obrigações relativas à gestão de garantias, em particular nos agentes comercializadores que procedam pro-ativamente a uma adaptação da sua operação em mercado (redução de carteira de fornecimentos)".

Por outro lado, a ERSE quer facilitar o acesso dos comercializadores a contratos de curta duração para aprovisionamento de energia fora do mercado grossista (onde têm sido registados sucessivos recordes).

A iniciativa do regulador prevê "o acesso, pelos comercializadores mais expostos, a mecanismos complementares de cobertura dos riscos de preço de aprovisionamento na comercialização de eletricidade, por recurso a energia produzida pelos produtores renováveis, através de um mecanismo competitivo simplificado e que assim contribuam para limitar perdas operacionais e de diversidade empresarial".

"No âmbito dos leilões de Produção em Regime Especial (PRE), a realizar pelo Comercializador de Último Recurso [CUR, que em Portugal é a empresa SU Eletricidade], serão oferecidos produtos de dimensão e maturidade temporal mais reduzidas, dedicados para comercializadores de pequena dimensão e limitados à quantidade de energia não contratualizada através de contratos bilaterais", explica a ERSE.

O regulador quer ainda assegurar "uma saída controlada e minimamente programada de comercializadores de mercado para os quais se reduz rapidamente ou não existe viabilidade económica da sua operação, evitando a quebra operacional decorrente de insolvências, por si só potenciadoras de um contágio sistémico aos operadores sobrantes em mercado". "Os clientes destes comercializadores passam a ser abastecidos pelo comercializador de último recurso", refere a ERSE.

Estas iniciativas do regulador acontecem depois de a associação que representa os comercializadores no mercado liberalizado, a Acemel, ter manifestado a sua preocupação com a escalada dos preços, já que esta evolução, entre outras dificuldades, está a exigir um substancial reforço de garantias por parte dos comercializadores (garantias indexadas ao preço grossista e volumes das carteiras de cada empresa).

Segundo a ERSE, estas iniciativas terão "um alcance temporalmente limitado, até final da primeira metade de 2022".

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