Economia

“Não sei onde está João Rendeiro nem quero saber”, diz o seu advogado. E acrescenta: “Saiu livremente do país e não cometeu um único crime”

“Não sei onde está João Rendeiro nem quero saber”, diz o seu advogado. E acrescenta: “Saiu livremente do país e não cometeu um único crime”
Ana Maria Baião Correia
Segundo Carlos do Paulo, advogado do ex-presidente do Banco Privado Português, o que é “relevante” é perceber que, “neste momento, João Rendeiro não está em falha em relação a nada”, afirmou em entrevista à TVI
“Não sei onde está João Rendeiro nem quero saber”, diz o seu advogado. E acrescenta: “Saiu livremente do país e não cometeu um único crime”

Helena Bento

Jornalista

João Rendeiro saiu de Portugal depois de ter sido condenado a prisão efetiva num processo por crimes de burla qualificada, mas o seu advogado, Carlos do Paulo, garante que ele saiu “como um homem livre”. “Não fugiu a nada, saiu livremente do país e não cometeu um único crime”, afirmou o advogado em entrevista esta quarta-feira à TVI.

Carlos do Paulo afirmou não saber onde se encontra o ex-presidente do Banco Privado Português (BPP). “Eu não sei onde está João Rendeiro nem quero saber. A minha função é esclarecer o cliente dentro da lei. O advogado não tem de saber, nem tem de colaborar, nem praticar esses atos”.

Questionado sobre se é intenção de João Rendeiro voltar a Portugal para se apresentar em tribunal esta sexta-feira, como determinou a Justiça, o advogado respondeu da mesma forma. “Eu não tenho de me colocar na cabeça dele”, disse, acrescentando que Rendeiro “não tem de se entregar na prisão”. “Não há nada na lei que puna alguém que não se entrega.”

Também recusou dizer se acredita que João Rendeiro ainda vai cumprir pena. “Enquanto advogado, estou numa posição em que não posso revelar muitas coisas. O que João Rendeiro faz é da esfera pessoal dele.”

De acordo com uma notícia adiantada esta quarta-feira pelo Expresso, a defesa do ex-presidente do BPP já informou o tribunal onde decorre o processo de que Rendeiro não tenciona voltar a Portugal - nem se vai apresentar perante a Justiça no dia indicado. Perante isso, a juíza emitiu mandados de detenção internacionais.

No entanto, segundo Carlos do Paulo, o que é “relevante” é perceber que “neste momento João Rendeiro não está em falha em relação a nada”. Se “mantiver a vontade de não vir a Portugal cumprir a pena, estará a desobedecer à lei, mas mantém a legitimidade da sua indignação”.

O ex-presidente do BPP foi condenado na terça-feira a três anos e seis meses de prisão efetiva e fugiu para fora da Europa para escapar à pena de prisão. Não tenciona voltar a Portugal por se sentir “injustiçado” e vai recorrer a instâncias internacionais, conforme adiantou num texto publicado no seu blogue, Arma Crítica.

“No decurso dos processos em que fui acusado efetuei várias deslocações ao estrangeiro, tendo comunicado sempre o facto aos processos respetivos. De todas as vezes regressei a Portugal. Desta feita não tenciono regressar. É uma opção difícil tomada após profunda reflexão. Solicitei aos meus advogados que a comunicassem aos processos e quero por esta via tornar essa decisão pública”, escreve João Rendeiro, acrescentando que vai tentar que as “instâncias internacionais avaliem o modo como tudo se passou em Portugal”.

“A minha ausência é ato de legítima defesa contra uma justiça injusta. Assumo a responsabilidade no quadro dos atos bancários que pratiquei, mas não me sujeito, sem resistência, a esta violência”, diz também.

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