Economia

Empresas de combustíveis fósseis processam governos em 18 mil milhões por causa de políticas verdes

Empresas de combustíveis fósseis processam governos em 18 mil milhões por causa de políticas verdes
David McNew/Getty Images

As empresas de energias fósseis consideram que devem ser compensadas pelos danos que as políticas de transição energética estão a causar ao nível dos seus lucros

Um pouco por todo o globo, as empresas de energias fósseis estão a levar os governos a tribunal, tendo em conta o abalo que as políticas de transição energética estão a significar para os lucros destas empresas. No total, estima-se que o valor dos maiores processos já ascenda a 18 mil milhões de dólares (mais de 15 mil milhões de euros ao câmbio atual).

A estimativa é avançada pela Sky News, que cita um levantamento feito pelo grupo ativista Global Justice Now. Cinco dos processos de maior dimensão, e que somam os 18 mil milhões, estão a ser avançados pela canadiana TC Energy, as alemãs RWE e Uniper, a britânica Rockhopper e a norte-americana Ascent Resources.

A maioria das exigências estão a ser feitas com base no Tratado da Carta da Energia, um acordo a nível europeu assinado em 1994 que prevê a proteção de investimento estrangeiro, de forma a promover a segurança energética e eficiência no mercado de energia do Velho Continente.

A TC Energy está a agir legalmente contra a administração do presidente Joe Biden, à qual exige 15 mil milhões de dólares, depois de este Governo ter cancelado um projeto tendo por base os esforços de combate às alterações climáticas. A Rockhopper está a processar o governo italiano em 325 milhões de dólares por proibir a exploração de petróleo perto da sua costa.

A Ascent exige 118 milhões de dólares à Eslovénia por o país requerer avaliações ambientais para um processo de extração de petróleo. As empresas alemãs pedem, cumulativamente, cerca de 1,7 mil milhões aos Países Baixos depois de estes terem decidido eliminar o recurso a carvão e fechar as centrais térmicas desta fonte até 2030.

O montante exigido pelo conjunto destas empresas é equivalente a quase um quarto do total de fundos que estão disponíveis para a ação climática, cedidos por países desenvolvidos a países em desenvolvimento, mostram os dados da Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Económica (OCDE).

Recentemente, o Tribunal de Justiça da União Europeia considerou, através de um acórdão, que a legislação europeia é incompatível com a iniciativa que algumas energéticas estão a tomar de, recorrendo ao Tratado da Carta da Energia, processar estados membros por estes quererem eliminar o recurso a energias fósseis.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: aboliveira@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate