Os números não batem certos mas são os que existem de um lado e do outro da frente de batalha.
O banco público, vem esclarecer em comunicado que "nesta greve a Caixa tem 80% das agências abertas". Ou seja, só 20% das agências por todo o país ficaram fechadas.
Já Pedro Messias, presidente do Sindicato das Empresas do Grupo Caixa (STEC), afirma ao Expresso que "mais de 70% das agências fecharam", embora não tenha dados para dizer quantos trabalhadores terão aderido à greve. Sindicato diz que "greve está a ser um êxito".
Em causa nesta greve está a negociação da tabela salarial que a Caixa diz estar em condições de o fazer em setembro, mas que o maior sindicato dos trabalhadores do grupo CGD diz já ter avançado com uma proposta de revisão da tabela salarial em janeiro de 2021 e ainda sem resposta. Em cima da mesa está uma proposta de 2% de aumento da tabela salarial.
O banco liderado por Paulo Macedo considera que o direito à greve "é um direito que assiste a todos os trabalhadores, desde que cumpra todas as formalidades que são definidas na lei", contudo, "a Caixa entende que as razões invocadas pelos sindicatos aderentes à greve de hoje (dia 9 de agosto) banalizam o direito à greve, como é demonstrado pela adesão dos colaboradores, inferior em 50%, em relação à última greve de 2018.
O Expresso tentou obter a ordem de grandeza deste número mas não foi possível. Sabe-se apenas que desta vez o número de trabalhadores que aderiram à greve é menos de metade dos que fizeram greve em 2018.
"Nesta greve, a Caixa tem 80% das agências abertas e processou um volume de transações superior em 4% (às 12 horas) face ao período homólogo do ano anterior", diz o comunicado do banco público.
No mesmo a Caixa faz questão de dizer que "tem uma tabela de remunerações muito acima dos restantes bancos com quem concorre" E que "em 2020, a Caixa foi o primeiro banco a fechar a negociação da tabela salarial com os sindicatos, logo em janeiro", porém "em 2021, a Caixa comprometeu-se com os sindicatos a apresentar uma proposta em Setembro".
Esclarece que "nunca esteve, nem está, em cima da mesa qualquer hipótese de um despedimento coletivo na Caixa Geral de Depósitos". Ou seja, que as saídas têm sido voluntárias.
Num universo de 6244 trabalhadores no final de 2020, no primeiro semestre de 2021 , saíram da CGD 135 trabalhadores, dos quais 72 por reforma ou pré-reforma e 27 por rescisão por mútuo acordo", como referiu Paulo Macedo na apresentação dos 294 milhões de euros de lucros no primeiro semestre. O presidente da CGD referiu ainda que no início do ano, a CGD contabilizou 325 pedidos de trabalhadores que queriam sair do banco.
Em comunicado avançado esta segunda-feira, a CGD lamenta que a greve tenha sido "convocada para o dia em que muitos portugueses recebem as suas pensões e pretendem honrar pontualmente os seus compromissos, esta é uma greve que demonstra insensibilidade por parte das estruturas sindicais que a convocaram, prejudicando alguns dos mais vulneráveis, mais desfavorecidos e com menor literacia financeira".
A Caixa diz ainda que "o caminho feito pela Caixa nos últimos anos consolidou as condições para que nos próximos anos tenhamos uma Caixa Geral de Depósitos relevante no setor bancário nacional e com saúde financeira. Uma Caixa que, ao invés de se ver obrigada a vir pedir para novamente onerar os contribuintes, seja capaz de cumprir a missão de devolver os montantes que os portugueses lhe confiaram no plano de capitalização".
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