Banco Montepio volta a perder negócio bancário e apresenta prejuízos de 33 milhões de euros

Foram cortados 280 postos de trabalho no Banco Montepio no último ano. Plano de corte de custos teve impacto nos resultados negativos
Foram cortados 280 postos de trabalho no Banco Montepio no último ano. Plano de corte de custos teve impacto nos resultados negativos
Jornalista
O Banco Montepio obteve um prejuízo de 33 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, o que ainda assim representa uma melhoria face aos 51 milhões obtidos no mesmo período do ano anterior.
Em comunicado divulgado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), e sem conferência de imprensa (o CEO, Pedro Leitão, nunca participou numa sessão para responder às perguntas dos jornalistas), a instituição detida pelo grupo mutualista refere que estes resultados novamente negativos estão em linha “com as metas de execução previstas no plano de ajustamento operacional”.
O prejuízo do banco justifica-se pelo facto de continuar a perder negócio (o produto bancário recuou 12%), muito acima do corte de 1,3% dos custos operacionais.
No que diz respeito ao negócio bancário, o Montepio perde 5,8% da margem financeira (diferença entre juros recebidos dos créditos e pagos nos depósitos), totalizando 114 milhões de euros, o que justifica com os custos das emissões de dívida subordinada que realizou para se financiar. Também as comissões recuaram. Assim, na soma destas e de outras rubricas, o produto bancário cedeu 11,9% para quase 160 milhões de euros.
No campo dos custos, o banco de que Carlos Tavares é o presidente não executivo registou um encargo não recorrente de 4,1 milhões, ligado ao plano de redução de pessoal e de venda de ativos não core. “Excluindo este impacto, os custos operacionais teriam sido de 125 milhões de euros”, e não 129 milhões, como reportado.
Para a redução dos custos operacionais, o Banco Montepio reduziu em 280 os postos de trabalho, ficando agora com um quadro de 3.283 trabalhadores. Já a rede de balcões doméstica tem 271 balcões, menos 57 do que tinha em junho de 2020.
O banco tem um plano de ajustamento em curso, em que terá de cortar entre 600 a 900 trabalhadores no espaço de três anos, querendo também emagrecer a rede de balcões dispersa pelo país.
Foi a redução das imparidades e provisões que permitiu que os resultados não fossem ainda mais negativos. Se no primeiro semestre de 2020, a imparidade para crédito (reconhecimento antecipado de perdas em empréstimos concedidos) foi de 108,8 milhões de euros, um ano depois esse reforço foi menor, sendo de 55,1 milhões.
O rácio de capital mais exigente (CET1), que mede o peso dos melhores fundos próprios, deslizou ligeiramente para 11,4%, apesar de beneficiar das vendas de operações não estratégicas do banco do grupo mutualista (Monteiro Aranha e Almina Holding).
A nível de balanço, houve um crescimento de 1,9% dos depósitos, para 12,6 mil milhões de euros, mas o crédito (bruto) recuou cedeu 1,1% para 12,3 mil milhões.
As exposições não produtivas, onde está o crédito malparado, representavam 9,3% da carteira de crédito em junho – ainda assim, abaixo dos 12% de um ano antes. A cobertura destas exposições, seja por garantias, seja por imparidades, melhorou, mas está abaixo de 100%, situando-se nos 95,9%.
(Notícia atualizada às 16h15 com mais informações)
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