CMVM condenou uma auditora a coima de 25 mil euros devido ao Luanda Leaks, mas não revela qual
Além das sete comunicações que fez ao Ministério Público por indícios de crime, houve diligências internas no regulador
Além das sete comunicações que fez ao Ministério Público por indícios de crime, houve diligências internas no regulador
Jornalista
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) fechou já um processo de contraordenação contra uma auditora relacionado com o Luanda Leaks, o escândalo que envolve transferências suspeitas em empresas ligadas à empresária angolana Isabel dos Santos. No entanto, não se sabe de que entidade se trata.
Foi num processo sumaríssimo que ficou fechada a primeira contraordenação saída da investigação iniciada no arranque de 2020, e do qual resultou a aplicação de uma coima de 25 mil euros, de acordo com o administrador da CMVM, José Miguel Almeida, em conferência de imprensa na sede do regulador, em Lisboa, esta segunda-feira, 28 de junho.
Neste tipo de processos, de mais rápida realização, dá-se a conclusão da contraordenação, que é aceite pelo visado, mas a sua identificação não é revelada.
A CMVM tem a supervisão sobre as auditoras (revisoras oficiais de contas) e abriu averiguações internas aos nove auditoras que trabalhavam com 26 empresas eventualmente ligadas a Isabel dos Santos, filha do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
Destas investigações, houve 14 processos que foram enviados para o departamento interno que avalia se há mérito contraordenacional, deu-se a efetiva abertura de três processos, e foi um deles que já ficou concluído com a condenação.
Houve ainda a emissão de 53 recomendações: “o que queremos é corrigir a atuação”, relembrou Gabriela Figueiredo Dias, que preside à CMVM.
Do “volume brutal de análise”, como classificou a líder do supervisor, resultaram ainda as já conhecidas sete comunicações enviadas ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e Unidade de Informação Financeira (UIF), como já tinha dito em entrevista ao Expresso. Não se sabe qual o seguimento que tem sido dado a esta matéria nestas entidades. Mas o que se sabe é que as sete comunicações são relativas a uma única empresa.
As principais irregularidades detetadas pela CMVM na atuação dos revisores oficiais de contas passam pelas falhas na independência e na documentação e arquivo e pelo incumprimento nos deveres de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, gestão do risco e ceticismo profissional.
A PwC era a entidade que mais de perto trabalhava com Isabel dos Santos, sendo a única em que se sabe que houve mexidas internas devido à polémica.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt