Economia

Banco de Portugal admite sobrevalorização dos preços das casas

Banco de Portugal admite sobrevalorização dos preços das casas
José Fernandes

Imobiliário residencial precisa de ser acompanhado. No imobiliário comercial, não há sinais de preços excessivos

Banco de Portugal admite sobrevalorização dos preços das casas

Diogo Cavaleiro

Jornalista

O Banco de Portugal admite que as casas possam estar avaliadas acima do preço considerado adequado, e que não tenham justificação, de acordo com o inscrito no relatório de estabilidade financeira que foi divulgado esta segunda-feira, 21 de junho.

“A relevância deste mercado recomenda o acompanhamento dos sinais de uma eventual sobrevalorização dos preços”, indica o documento, tendo em conta que os preços do mercado imobiliário residencial continuaram a aumentar em Portugal, apesar da pandemia de covid-19.

Ainda que seguindo a tendência da Zona Euro, e embora o ritmo de crescimento tenha reduzido, a recomendação relativa a este segmento consta do relatório de junho de 2021, quando não havia indicação desse género em dezembro do ano passado.

Correção de preços seria contida

De acordo com o relatório, o avanço dos preços não se justifica - em linha com o que aconteceu já nos últimos anos - pelo crédito bancário interno. “Para esta subida terá contribuído a robustez da procura por não residentes”, sublinha o documento da autoridade liderada por Mário Centeno, defendendo que os preços podem sofrer uma quebra se houver uma “potencial deterioração das condições de financiamento internacionais”.

De qualquer forma, se houvesse uma correção dos preços, não seria demasiado preocupante, na ótica do supervisor: houve nos últimos anos uma redução do rácio de endividamento das famílias, e deu-se também a melhoria do perfil de risco dos mutuários.

Toda esta posição é relativa ao mercado imobiliário residencial, já que no imobiliário comercial, que já sofreu quebra de preços em 2020, “não há sinais de sobrevalorização e de excesso de oferta”.

Medidas de apoio

Entre os principais riscos e vulnerabilidades para a estabilidade financeira constam a forma como haverá a retirada das medidas de apoio e o receio de um excesso de otimismo dia investidores nos mercados financeiros.

O governador do Banco de Portugal, na conferência de imprensa de apresentação do relatório, em Lisboa, defendeu aqui, mais uma vez, que Portugal não pode andar em sentido contrário ao da Europa - isto em relação às moratórias de crédito, que atualmente vão até setembro, mas que o parlamento admitiu levar mais longe caso houvesse autorização da Autoridade Bancária Europeia. “Não devemos ficar isolados da Europa. O resto da Europa já iniciou esse processo” de retirada de ajudas, declarou Mário Centeno.

Para o líder do Banco de Portugal, o sector bancário tem vindo a evoluir positivamente, com uma redução do risco e com estratégias de preservação de capital. E, para Portugal, onde se regista uma “recuperação rápida”, é importante que essa estabilidade financeira se mantenha, porque só com ela a recuperação será sustentável, disse Centeno.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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