Fatura da luz vai aumentar em julho para quem está no mercado regulado
Regulador da energia aprovou um aumento intercalar de preços para clientes do mercado regulado. Agravamentos vão de €1,05 a €2,86 por mês, em média
Regulador da energia aprovou um aumento intercalar de preços para clientes do mercado regulado. Agravamentos vão de €1,05 a €2,86 por mês, em média
Editor de Economia
A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) aprovou esta segunda-feira um aumento intercalar das tarifas transitórias de eletricidade, isto é, dos preços da luz para as cerca de 954 mil famílias que são abastecidas ainda no mercado regulado (SU Eletricidade, antiga EDP Serviço Universal).
Este aumento reflete o agravamento do custo da eletricidade no mercado grossista ao longo dos últimos meses, que colocou o preço da energia acima da previsão que a ERSE tinha feito para o ano 2021 e que tinha sido incorporada nas tarifas a vigorar este ano.
Segundo o regulador, esta revisão, que entra em vigor a 1 de julho, vai traduzir-se no aumento da fatura mensal em 1,05 euros para uma família com 3,45 kVA de potência contratada e um consumo anual de 1900 kWh (uma fatura mensal de cerca de 37 euros). Já um agregado com 6,9 kVA de potência contratada e consumo anual de 5000 kWh (fatura mensal de cerca de 92 euros) vai ter um agravamento mensal de 2,86 euros.
Com a revisão de preços da ERSE, a fatura dos clientes domésticos no mercado regular irá agravar-se em média 3% a partir de julho, depois de em janeiro ter descido 0,6%.
A atualização resulta da monitorização do regulador sobre os preços nos mercados grossistas e visa "evitar desalinhamentos excessivos com o mercado livre e a criação de desvios a recuperar posteriormente pelas tarifas".
Assim, o regulador tem à sua disposição a possibilidade de trimestralmente rever as tarifas, desde que haja um desvio superior a 10 euros por megawatt hora (MWh) no custo a que o CUR - comercializador de último recurso (SU Eletricidade) adquire a sua energia no mercado grossista para a fornecer aos clientes finais.
Segundo a ERSE, sempre que haja um desvio igual ou superior a 10 euros por MWh, a tarifa de energia deve ser revista num valor fixo de 5 euros por MWh, no mesmo sentido do desvio.
A ERSE recorda que "este mecanismo de atualização do custo de energia, previsto regulamentarmente, foi aplicado pela primeira vez em 2020, no sentido de descida".
Só que agora é ao contrário. "Para o ano de 2021, a previsão do custo de aquisição do CUR considerada para a fixação da tarifa de energia aprovada pela ERSE, foi de 49,52 euros por MWh. Contudo, face à subida dos preços da energia elétrica nos mercados grossistas, refletindo os preços mais altos no MIBEL (mercado ibérico de eletricidade), fruto da elevada cotação das licenças de dióxido de carbono (CO2), as estimativas recentes apontam para um custo médio de 61,85 euros por MWh, o que corresponde a um desvio de 12,33 euros por MWh, mais 25% que o inicialmente previsto", assinala a ERSE.
No seu comunicado a ERSE "aconselha os consumidores que ainda estejam no mercado regulado a procurarem potenciais poupanças na fatura de eletricidade junto dos comercializadores em mercado livre, disponibilizando para tal um simulador de preços de energia que facilita a escolha da oferta mais vantajosa".
O aumento agora anunciado cobre apenas os consumidores do mercado regulado, já que os clientes servidos no mercado livre estão expostos a tarifários que os seus fornecedores podem ajustar livremente em função das respetivas estratégias de aprovisionamento.
O preço grossista da eletricidade no Mibel para esta segunda-feira ultrapassa os 90 euros por MWh, estando no nível mais alto dos últimos 5 meses. Os contratos futuros para o segundo semestre também apresentam patamares elevados, que fazem antever um agravamento do custo de aquisição de energia por parte dos comercializadores, podendo os seus tarifários ao longo dos próximos meses refletir também esse aumento.
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