Banco só recebe, no imediato, 53% do que pediu inicialmente. Parte dos €429 milhões autorizados fica bloqueada para esclarecer dúvidas da Deloitte
A transferência do Fundo de Resolução para o Novo Banco conta com um episódio inesperado. E apanhou desprevenida a instituição, que não antecipava que fosse assumida publicamente uma nova divergência. O dinheiro a transferir para o banco liderado por António Ramalho por parte do Fundo de Resolução encolheu, pelo menos momentaneamente, para €317 milhões por questões levantadas pela Deloitte em 2019. É 53% — pouco mais de metade — do montante que começou por solicitar.
O corte momentâneo ocorre apesar de o Ministério das Finanças ter dado luz verde para uma transferência do Fundo para o banco de €429 milhões, por perdas verificadas em 2020 que tiveram impacto no capital. João Leão, ouvido na comissão de inquérito às perdas no Novo Banco a 2 de junho, foi assertivo: “Subsiste uma questão que foi levantada no relatório de auditoria especial, da Deloitte, sobre o aumento muito substancial em 2019 dos ativos ponderados pelo risco, relativos a risco de mercado, que tem impacto adicional de capital.” É neste contexto que, como explicou o ministro das Finanças, quer o Fundo de Resolução quer o Governo colocaram em ‘banho-maria’ cerca de €112 milhões da verba autorizada a semana passada pelas Finanças. “São necessários esclarecimentos adicionais”, afirmou Leão. Quando chegou a luz verde para a injeção de €429 milhões e foi aprovada em Conselho de Ministros a alteração da lei-quadro para permitir que o Fundo se pudesse financiar junto da banca em €475 milhões, em nenhum momento esta questão foi abordada.
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