Governo britânico despeja ‘balde de água fria’ no turismo do Algarve

Portugal saiu da ‘lista verde’ de destinos de viagem do Reino Unido, num “duro revés” para as perspetivas positivas que estavam criadas para o verão
Portugal saiu da ‘lista verde’ de destinos de viagem do Reino Unido, num “duro revés” para as perspetivas positivas que estavam criadas para o verão
Jornalista
A decisão do governo britânico de passar Portugal da ‘lista verde’ de destinos turísticos para a ‘amarela’ (que obriga a quarentena, no regresso ao Reino Unido), tomada esta quinta-feira, deixou em choque o turismo do Algarve. As perspetivas animadoras para o verão que se tinham criado no início de maio, com a inclusão do país nessa ‘lista verde’, invertem-se. E agora a região, onde cerca de 80% da economia depende direta ou indiretamente do turismo, prepara-se para mais um período complicado.
“É um duro revés, que naturalmente vai fazer-se sentir nas reservas, pelo menos nas próximas três semanas [a 21 de junho o governo britânico deve fazer nova revisão dos destinos de viagem], daquele que é o nosso principal mercado externo”, admite João Pedro Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve.
“É também um rude golpe na confiança para os viajantes britânicos, naquela que seria a tomada de decisão sobre as férias, na medida em que é imprevisível quais vão ser as decisões do governo britânico sobre os destinos no futuro”, acrescenta o responsável, para quem a decisão é “lamentável” e “injusta”, quando Portugal, “segundo os dados do Centro Europeu para o Controlo e Prevenção de Doenças, está entre os três territórios europeus com melhor controlo da pandemia”.
“É um balde de água fria”, classifica Elidérico Viegas, presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA). “Temos quase um ano e meio de inatividade, praticamente desde o início da pandemia. Tínhamos boas perspetivas, para este verão, com a procura do mercado nacional e o do Reino Unido. Esta decisão vem criar uma situação de incerteza entre os britânicos que tinham intenção de passar férias no estrangeiro. Não há garantias de nada”, refere o responsável da principal associação hoteleira algarvia, acrescentando que o impacto “não se vai limitar às próximas três semanas”.
Elidérico Viegas acredita ainda que houve motivações, para além da saúde pública, para a mudança do estatuto de Portugal: “Por detrás da decisão está o desejo do governo britânico, por motivos económicos, que os britânicos não viagem para o exterior”.
“Não compreendemos a decisão [do governo britânico], porque os números [de novos contágios] não a justificavam”, defende, por seu lado António Pina, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, que junta todos os municípios da região.
Para o também presidente da Câmara de Olhão, a passagem para a ‘lista amarela’ dos destinos de viagem do Reino Unido causa ainda “uma grande preocupação” em relação ao futuro. “Nestes últimos 15 dias, em que estivemos na ‘lista verde’, sentiu-se logo um fluxo de pessoas, que era bom que continuasse. Assim… vamos ter de continuar a trabalhar, procurar outros mercados, apostar no mercado nacional. Somos uma região segura e é preciso reforçar que o Algarve é o local mais seguro para passar férias”, conclui António Pina.
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