Com dívida de €550 milhões, Grupo Moniz da Maia atuou de “forma fraudulenta” perante Novo Banco
"Fomos enganados", disse António Ramalho sobre o grupo Sogema
"Fomos enganados", disse António Ramalho sobre o grupo Sogema
Jornalista
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A Sogema, do Grupo Moniz da Maia, tinha uma dívida de 550 milhões de euros ao Novo Banco, que o banco preferiu vender, já que a luta jurídica provavelmente não iria ser proveitosa, segundo admitiu António Ramalho, o presidente executivo da instituição financeira que, desde 2014, já custou 8 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução.
Segundo Ramalho, o grupo atuou de “forma fraudulenta” perante o banco, que tentou fazer “o melhor trabalho”, ainda que admite que houve decisões erradas tomadas com este devedor.
“Confiei que ia conseguir mais imóveis” numa reestruturação, o que depois não aconteceu. “Fomos enganados”, admitiu, apesar de Ramalho dizer que, tendo em conta o seu histórico na banca, até conhecida a família: tinha “bastante dinheiro, que estourou no investimento suicida no BCP”.
Na audição de Bernardo Moniz da Maia, a cara do grupo Sogema, percebeu-se que tinha sido feito um aumento de capital em 2019 na portuguesa Euro Yser, que diluiu a posição de credor do Novo Banco. Nesse aumento de capital participou o empresário Pedro Teixeira de Melo, sócio de Moniz da Maia em várias empresas, mas que antes classificara como “conhecido” (a audição de Bernardo Moniz da Maia foi enviada para o Ministério Público, por decisão dos deputados que compõem a comissão de inquérito).
“Começámos com uma guerra jurídica”, disse Ramalho. Só que manter a guerra “ia degradando mais as coisas”. Daí que tenha sido proposta a venda do crédito, tendo sido integrada no âmbito da carteira de malparado Nata II, que foi comprada pelos americanos da Davidson Kempner (DK) com um desconto de 90% face ao valor dos créditos.
Bernardo Moniz da Maia disse não ter património nenhum especial em seu nome, mas na sua audição acabou por revelar que tinha empresas em paraísos fiscais.
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