António Ramalho é o presidente executivo do Novo Banco e tem visto, nos últimos tempos, grandes devedores da instituição financeira, de Bernardo Moniz da Maia a Luís Filipe Vieira, passando por João Gama Leão, a explicarem-se na comissão de inquérito e, não querendo comentar casos específicos, diz que o que se assiste é “triste”. Paulo Macedo, da Caixa Geral de Depósitos, vê ali “comportamentos que são inqualificáveis”.
“Estamos a ver a patologia da banca. Infelizmente, é uma patologia triste, normalmente diferida no tempo porque só se descobre muitos anos depois”, declarou António Ramalho no CEO Banking Forum, iniciativa do Expresso e da Accenture transmitida na SIC Notícias esta quarta-feira. Os devedores vêm do antecessor BES mas a verdade é que, numa fase inicial, o Novo Banco foi tentando encontrar alternativas para alguns destes clientes, tentativas esses que acabaram por se revelar um insucesso. Só a Sogema e a Ongoing juntas tinham dívidas superiores a mil milhões de euros.
“Não contribuo para elevar esta patologia à escala da normalidade bancária. São casos excecionais que não são o paradigma do empresário português”, sublinhou o líder do banco que é objeto do inquérito parlamentar e que, desde que foi criado a partir do Banco Espírito Santo, custou cerca de 8 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução.
O presidente da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, concorda com a distinção: “Nós nas comissões de inquérito e nos casos da banca temos os exemplos enviesados. Temos o que correu mal ou o que correu pessimamente. Não temos a amostra de empresários e gestores que consideramos normais, muitos deles com um enorme mérito: ser empreendedor e empresário não é nada fácil neste país”. “Não são representativos”, sublinhou.
“Há comportamentos que são inqualificáveis”, declarou Macedo, acrescentando que é preciso ter a certeza de que ficaram já para trás. O líder do banco público acredita que isso já melhorou – há avaliação mais intensa do BCE, há seleção de pessoas, há aprendizagem do passado.
Moniz da Maia é um dos maiores devedores do Novo Banco - através do grupo Sogema, que chegou a ter uma dívida superior a 500 milhões de euros - e a sua audição, onde disse não ter património mas na qual acabou por assumir depois ter fundações offshores, foi enviada pelos deputados para o Ministério Público para apuramento de matéria criminal.
João Gama Leão, da Prebuild, e Luís Filipe Vieira, da Promovalor, foram outros dos devedores ouvidos.
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