Há 20 anos Luís Filipe Vieira, um bem sucedido empresário no ramo dos pneus, trocava o Alverca pelo Benfica e deixava a construtora Obriverca para seguir com um negócio próprio de promoção imobiliária, recauchutando uma empresa criada como Interpisos e renomeada Inland.
Os primeiros anos, alavancados em financiamento bancário, sobretudo do BES, foram bem sucedidos. Arquitetos de renome eram contratados para desenhar empreendimentos de prestígio. Muitos negócios foram feitos. Mas o grupo imobiliário de Vieira, a Promovalor, foi acumulando prejuízos. Os anúncios de projetos avançavam, mas a demonstração de resultados não saía do vermelho. Era como um avançado que driblava veloz pelo relvado, fintando metade da equipa adversária e na hora decisiva, em frente à baliza, rematava para a bancada. Uma vez. E outra. E outra.
A pesada dívida contraída para comprar terrenos em Portugal, Espanha, Brasil e Moçambique foi rolando e em 2014 a "batata quente" passou do BES para o Novo Banco, sem que a Promovalor conseguisse converter em lucros a ambição que nos primeiros anos se materializou num condomínio de luxo perto do Chiado, em Lisboa, num hotel e num edifício de escritórios no Parque das Nações, e num "resort" com um hotel Sheraton em Recife, no Brasil.
Luís Filipe Vieira terá a sua própria explicação do que aconteceu e como aconteceu, e a oportunidade para o fazer, publicamente, será esta segunda-feira, em audição na comissão parlamentar de inquérito sobre o Novo Banco. Os seus negócios começam bem lá atrás, na década de 1970. Eis o que aconteceu desde então.
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