Economia

Pandemia acelera salto digital em quatro anos

Pandemia acelera salto digital em quatro anos

Rogério Carapuça alerta para riscos sobre competitividade no atraso no processo de transformação digital

Pandemia acelera salto digital em quatro anos

Anabela Campos

Jornalista

Pé no acelerador, o tempo é determinante na competitividade dos negócios. Um ano de pandemia teve um impacto brutal e sem precedentes na transformação digital da economia — tocando áreas resistentes à mudança como, por exemplo, o trabalho e o ensino. Rogério Carapuça, presidente da APDC — Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, chama a atenção para esta nova realidade, e cita um estudo da Mckinsey para sublinhar que “a transformação digital que ocorreu nos negócios durante a pandemia equivale à que aconteceria no espaço de três a quatro anos normais”.

“O mundo mudou muito num ano, graças à aplicação das tecnologias. O combate à pandemia tornou-se mais fácil, e sobreviver a ela também. Tudo acelerou. Não nos podemos atrasar, todos os meses contam, todos os atrasos são maus porque estamos em concorrência com outros países”, alerta Rogério Carapuça, em conversa com o Expresso em véspera do 30º Congresso da APDC, que se realizará a 12 e 13 de maio, sob o lema “Reinvenção com a Tecnologia”.

As tecnologias estão a mudar a atividade económica de forma exponencial, e em todos os sectores: desde a indústria, ao comércio e à saúde, passando pela governação, explica. E é isso que vai estar em debate no maior evento anual do sector das tecnologias de informação. O futuro é um tema em destaque. Serão abordadas questões como a inteligência artificial e a rea­lidade virtual, tecnologias que estão a ajudar a mudar os negócios, exemplifica. “Muitos dos negócios que nós considerávamos estáveis vão ser transformados e evoluir para formas completamente diferentes.”

Carapuça acredita que Portugal, tendo em conta o ecossistema de inovação e startups que tem, pode ter uma palavra a dizer na área tecnológica. “Temos boas empresas, bons empresários e um bom sistema de ciência e tecnologia, acredito por isso que Portugal terá as suas cartas para jogar, mas chamo a atenção que a concorrência é grande. Temos de aproveitar este momento, porque é um momento de disrupção e quem for mais rápido tem sempre vantagem”, alerta. E defende: “Todo este ecossistema tem de funcionar em profunda colaboração com empresas sejam elas startup ou empresas mais tradicionais.”

Atraso penaliza

A questão da rapidez é chave, por isso a APDC lamenta a forma como foi conduzido o processo do 5G — Portugal está atrasado e é um dos três países da UE que ainda não tem comercialização de ofertas. E é crítico face ao arrastar do processo, traduzido na lentidão do leilão. “Portugal tem estado desde os anos 80 na linha da frente em matéria de telecomunicações, mas isso não está a acontecer com o 5G. Estamos a ver um leilão extremamente arrastado, e com condições que não são favoráveis a quem investe. Por isso, manifestamos a nossa preocupação enquanto associação empresarial.” O presidente da APDC sublinha ainda que “os operadores têm feito investimentos importantíssimos nas suas redes”. E considera que as condições que existem não são favoráveis à continuação desse investimento, com a dimensão que teve até agora. “Uma má relação entre regulador e regulado [como existe hoje entre a Anacom e os operadores] é sempre negativa, porque se reflete na agilidade e na qualidade com que as coisas se fazem”, avisa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt

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