Economia

Moniz da Maia, que entrou no BCP com crédito do BES, diz que a banca funcionava "de forma leviana"

Moniz da Maia, que entrou no BCP com crédito do BES, diz que a banca funcionava "de forma leviana"
NUNO BOTELHO

Aquele que foi um dos grandes devedores do BES e do Novo Banco contextualizou a facilidade de obtenção de crédito em 2007 com o interesse dos bancos em financiar clientes

Moniz da Maia, que entrou no BCP com crédito do BES, diz que a banca funcionava "de forma leviana"

Miguel Prado

Editor de Economia

Moniz da Maia, que entrou no BCP com crédito do BES, diz que a banca funcionava "de forma leviana"

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Em 2006 e 2007 "o sistema financeiro funcionava de forma quase leviana", comentou esta sexta-feira no Parlamento Bernardo Moniz da Maia, administrador da Sogema, empresa que em 2014 entrou na lista de grandes devedores do Novo Banco com uma dívida superior a 500 milhões de euros.

"Os bancos, com o intuito de serem sempre o número um, assediavam... batiam à porta, enfim, queriam financiar", afirmou Bernardo Moniz da Maia para enquadrar a facilidade com que a sua família obteve em 2007 um financiamento de 368 milhões de euros do BES para comprar ações do BCP, onde adquiriu então uma participação de 2,7%. Nesse ano, houve uma guerra de gestão e acionista no BCP, que acabou com a saída de Jardim Gonçalves e Teixeira Pinto e a entrada de Carlos Santos Ferreira e Armando Vara.

Essa posição foi adquirida dando como garantia ao BES as ações do BCP, mas a crise global após a queda do Lehman Brothers acabou por fazer afundar os títulos do banco e desvalorizar o património da família Moniz da Maia.

Bernardo Moniz da Maia declarou no Parlamento que só em 2014 a Sogema entrou em incumprimento, mas referiu que a sua família "sempre quis" pagar a dívida que tinha.

De acordo com o gestor, ainda antes da resolução do BES, a família Moniz da Maia acordou avançar com um projeto industrial no Brasil na área florestal, que o BES também financiou, mas que acabou por não ser bem-sucedido.

Moniz da Maia esclareceu que a participação da sua família na Espírito Santo International (ESI) foi adquirida em 1998, depois da venda dos hotéis Tivoli. Nessa altura a família Espírito Santo convidou os Moniz da Maia a assumirem um lugar no conselho de administração da ESI, bem como um lugar não executivo no BES Investimento.

"Nunca tive qualquer cargo executivo ou estratégico" no Grupo Espírito Santo, notou Moniz da Maia. E explicou que apenas assistia a uma reunião anual da ESI e se limitava a participar uma vez por ano em reuniões da administração do BES Investimento, apesar do cariz trimestral desses encontros.

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