Economia

"Ainda não é altura para discutir a redução dos estímulos", reafirma presidente da Reserva Federal

Jerome Powell, presidente da Fed, foi nomeado pelo presidente Biden para um segundo mandato a partir de fevereiro de 2022, se for aprovado no Senado
Jerome Powell, presidente da Fed, foi nomeado pelo presidente Biden para um segundo mandato a partir de fevereiro de 2022, se for aprovado no Senado
epa

Jerome Powell disse esta quarta-feira que quando for altura de iniciar um processo de corte no programa de compras e de aumento das taxas de juro isso será "comunicado com a devida antecedência". O assunto está fora da agenda atual da Fed, sublinhou na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de dois dias em que, por unanimidade, tudo ficou na mesma

"Ainda não é altura para discutir a redução dos estímulos", reafirmou, esta quarta-feira, Jerome Powell, o presidente da Reserva Federal (Fed). "Quando for altura disso, comunicaremos com a devida antecedência", garantiu o presidente do banco central norte-americano.

O processo de desaceleração dos estímulos ficou conhecido, em inglês, como "tapering" (afunilamento) desde que, em maio de 2013, Ben Bernanke, o então presidente da Fed, usou o termo para pré-anunciar perante o Congresso que o banco central iria iniciar um processo de 'afunilamento' do programa de compra de ativos antes do final daquele ano.

A conferência de imprensa de Powell realizou-se depois de uma reunião de dois dias da Fed em que, por unanimidade, os banqueiros centrais do dólar decidiram não mexer no quadro de política monetária, mantendo a taxa diretora no mínimo, perto de zero, e o ritmo de compra de ativos em 120 mil milhões de dólares (€100 mil milhões) por mês.

Powell foi confrontado, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de dois dias da Fed, com o momento em que o banco central terá de começar a desacelerar a atual política monetária expansionista em virtude do risco da economia dos Estados Unidos sobreaquecer e a inflação disparar.

No último inquérito da Bloomberg junto de um painel de "observadores" da política da Fed, 60% vaticinou que Powell sinalizará no final do terceiro trimestre a intenção de reduzir o ritmo de compras de ativos. A maioria dos inquiridos achou que essa desaceleração se materializará no final deste ano.

O presidente da Fed voltou a repetir o que já dissera em março, apesar da economia entretanto ter melhorado ainda mais no plano económico e do emprego na ponta final do primeiro trimestre. Apesar das melhorias, "a retoma ainda está longe de estar completa", sublinhou Powell.

Em relação aos dois grandes objetivos da política monetária da Fed - o pleno emprego e um nível de inflação média de 2% -, o presidente do banco central chamou a atenção que a subida que se observou recentemente nos preços (2,6% em março) é "transitória" e que a taxa de desemprego ainda está em 6% (quando em fevereiro do ano passado, antes da pandemia, registava 4,4%).

Powell insistiu que a inflação tem estado a ser pressionada pela reabertura da economia e por problemas "temporários" nas cadeias de fornecimento. E, que quando se reentrar numa situação de normalização, "não vai haver uma subida persistente acima de 2%". Sublinhou que a situação é "muito diferente dos anos 70" do século passado quando se assistiu a um disparo da inflação. Mas. logo garantiu, que "se houver uma subida persistente da inflação, usaremos todos os instrumentos" que o banco central dispõe para a controlar e fazer descer para a meta de 2%.

Admitiu que há "um pouco de espuma" em alguns preços: "alguns preços de ativos estão altos, é um facto".

No mercado laboral há "ainda muitas cicatrizes", disse Powell, que acrescentou "que vai ser muito diferente a economia que vai sair depois desta pandemia", pelo que é preciso aguardar pela evolução real da situação.

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