Economia

Gaioso Ribeiro: "Fui administrador da Benfica SAD. Isso em nada compromete a minha idoneidade"

Gaioso Ribeiro: "Fui administrador da Benfica SAD. Isso em nada compromete a minha idoneidade"
Ana Baiao

Antigo administrador do Benfica não vê conflitos de interesse por gerir fundo que tem créditos da Promovalor, de Luís Filipe Vieira, ao Novo Banco

Gaioso Ribeiro: "Fui administrador da Benfica SAD. Isso em nada compromete a minha idoneidade"

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Gaioso Ribeiro: "Fui administrador da Benfica SAD. Isso em nada compromete a minha idoneidade"

Miguel Prado

Editor de Economia

Gaioso Ribeiro: "Fui administrador da Benfica SAD. Isso em nada compromete a minha idoneidade"

Ana Baião

Fotojornalista

Nuno Gaioso Ribeiro, o presidente da gestora do fundo que comprou ao Novo Banco os créditos concedidos pelo antigo BES à Promovalor, de Luís Filipe Vieira, garante que o poder sobre esse negócio é totalmente da instituição financeira e não do devedor, nem do fundo. Por isso, não vê qualquer conflito de interesse com o facto de ter sido membro de administração da Sport Lisboa e Benfica – SAD, presidida por Vieira.

“Eu fui, durante anos oito anos, administrador da SAD [do Benfica], em nada compromete a minha idoneidade profissional. Quer o Sport Lisboa e Benfica, quer a minha sociedade têm órgãos colegiais. Não consigo sequer conjeturar onde pode existir conflito de interesse”, respondeu Nuno Gaioso Ribeiro aos deputados da comissão de inquérito às perdas do Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, na sua audição esta terça-feira, 27 de abril – o banco tinha uma exposição superior a 400 milhões ao grupo Promovalor, que era, assim, um dos seus maiores devedores.

A Capital Criativo (hoje C2 Capital Partners) foi fundada em 2009 e o fundo que adquiriu os créditos ao Novo Banco, o FIAE, foi constituído em 2017. Gaioso Ribeiro foi administrador da SAD do Benfica entre 2012 e 2020 (não tendo sido candidato nas últimas eleições).

“O conflito de interesse é quando um sujeito representa mais de um interesse, que são divergentes, e o sujeito tem poder decisório. Nós não representamos dois interesses, mas, mais importante, não temos qualquer poder decisório. Não há nenhuma questão de conflitos de interesse. Onde é que pode haver conflito de interesse? Se representasse dois interesses, os interesses não eram contraditórios, mas não temos qualquer poder decisório”, declarou, dizendo até ter um parecer sobre o assunto.

Segundo Gaioso Ribeiro, “a decisão de constituição deste fundo é do Novo Banco, é o credor único, é o investidor dominante”. “A decisão crítica, quem tem o poder decisório, é do Novo Banco”, garantiu. O fundo FIAE adquiriu créditos de 133,9 milhões ao Novo Banco em 2017, sendo que conseguiu depois nova liquidez desse banco de 12,2 milhões de euros. “É do somatório que resulta o montante de 146 milhões, que é o montante do fundo”, disse.

Ana Baiao

Nuno Gaioso Ribeiro defendeu que foi o Novo Banco que selecionou a então Capital Criativo para gerir os créditos da Promovalor, mas acabou depois, após perguntas da deputada bloquista Mariana Mortágua, por assumir que foi a gestora que, tendo conhecimento dos problemas daquele grupo económico, desenhou uma “oportunidade tradicional de reestruturação”, tendo contactado o Novo Banco. “Não apresentou uma proposta, estudou um formato como é que, com o volume de endividamento, se poderia adequar”, explicou.

A gestora do fundo teve conhecimento dos problemas da Promovalor a partir da própria empresa – mas Gaioso Ribeiro não soube indicar quem solicitou a reunião sobre o assunto, se José Gouveia, se Luís Filipe Vieira, se o seu filho, Tiago Vieira.

Mas há uma garantia deixada por Gaioso Ribeiro: “Nunca discuti com Luís Filipe Vieira os negócios da Capital Criativo”. Luís Filipe Vieira era o presidente da Promovalor que, quando a Capital Criativo foi constituída, em 2009, tinha 10% do seu capital. As discussões sobre a empresa com acionistas aconteciam em sede de assembleia-geral, defendeu Gaioso Ribeiro.

A Promovalor já vendeu a sua participação na C2, tal como Tiago Vieira, que teve 5% da empresa, que igualmente alienou a sua participação. Ainda assim, a família Vieira é ainda dona de 4% das unidades de participação do FIAE, o fundo que adquiriu créditos da Promovalor concedidos pelo antigo BES/Novo Banco.

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