Economia

Valor das remessas dos emigrantes na Suíça ultrapassa as de França pela primeira vez

Valor das remessas dos emigrantes na Suíça ultrapassa as de França pela primeira vez
MIGUEL A. LOPES/LUSA

Ano de pandemia registou um decréscimo no valor global das remessas pela primeira vez em dez anos. Dinheiro enviado para o estrangeiro por imigrantes aumentou

As remessas enviadas para Portugal pelos emigrantes na Suíça ultrapassaram as de França. É a primeira vez que isto acontece desde que há registo. Segundo os dados do Banco de Portugal, as remessas provenientes da Suíça chegaram aos 1037 milhões de euros em 2020, o que representa uma subida de 4,9% face a 2019. Já de França chegaram 1036,6 milhões, menos 5,2%. Em 1996, primeiro ano com registos nos dados disponibilizadas, a Suíça (567 milhões) representava metade do montante de França (1103 milhões).

Em 2020, ano marcado pela pandemia, o valor global das remessas para Portugal desceu - este valor estava em crescimento há dez anos consecutivos. A quebra foi, tendo em conta os valores de 2019, de 1,3% - o valor global foi de 3612,9 milhões.

Inês Vidigal, do Observatório da Emigração, apresenta ao jornal “Público” uma explicação para o aumento da Suíça face a França, apesar de a última ter mais emigrantes. “Quando olhamos para os dados da população residente em cada um destes países, temos situações distintas: enquanto em França a população residente se tem mantido razoavelmente estável, na Suíça tem decrescido consecutivamente desde 2017”, o que indica “que não só estão a entrar menos pessoas, como também estão a sair mais”.

“Temos indicações através de alguns estudos de que existe algum movimento de regresso de emigrantes portugueses da Suíça, muitos em idade de reforma, e consigo vêm as suas poupanças”, acrescenta.

O terceiro país a enviar mais remessas foi o Reino Unido, com 11% do total. A França e a Suíça juntas detêm 57% do total.

Inês Vidigal explica que a quebra geral nas remessas “está provavelmente ligada aos efeitos da pandemia, visto que o volume de remessas e de migrações estão fortemente ligadas”. “O aumento do desemprego e da inatividade, em consequência dos confinamentos impostos por muitos países, afeta a capacidade e disponibilidade financeira dos emigrantes para enviarem remessas para Portugal. Alguns emigrantes podem ter contraído o vírus e, por este motivo, terem deixado de trabalhar ou terem mais despesas associadas a questões de saúde”, esclarece.

No que toca às remessas dos imigrantes, o valor aumentou face a 2019. Em 2020, registou um crescimento de 1,6%. O Brasil e a China são os maiores destinos do dinheiro. O Brasil, que detém um peso de cerca de metade do total das remessas, registou um aumento de 0,7%, enquanto a China subiu 7,2%.

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