Economia

Media: Cofina avança com despedimento coletivo de 26 pessoas

Edifício sede da Cofina, que detém, entre outros meios, o Correio da Manhã e a CMTV
Edifício sede da Cofina, que detém, entre outros meios, o Correio da Manhã e a CMTV

Empresa proprietária do Correio da Manhã e da CM TV, entre outros meios de comunicação social, justifica a decisão com “motivos de mercado e estruturais”. Redução de trabalhadores incidirá essencialmente nas áreas de suporte do grupo

Media: Cofina avança com despedimento coletivo de 26 pessoas

Pedro Lima

Editor-adjunto de Economia

A Cofina Media, proprietária de meios de comunicação social como o Correio da Manhã, CM TV, Record, Jornal de Negócios, Destak, Sábado, TV Guia, Flash e Máxima, avançou com um despedimento coletivo que abrange 26 trabalhadores, apurou o Expresso.

A empresa liderada por Paulo Fernandes justifica esta intenção de cortar custos com a perda de volume de negócios provocada por “motivos de mercado e estruturais”, que leva à “necessidade de proceder à reestruturação da sua organização produtiva”.

Por um lado, diz a Cofina, o sector dos media tem vindo a atravessar nos últimos anos um momento negativo provocado não só por sucessivas crises económicas em Portugal mas também pela migração de leitores para o digital, que reduziu a compra das publicações impressas e fez descer as receitas de publicidade. Uma migração que foi acelerada com a pandemia de covid-19, nomeadamente pelo facto de muitos pontos de venda terem estado fechados devido ao confinamento.

A pandemia ditou também a diminuição pelos grupos empresariais dos investimentos em marketing, em especial os de publicidade, não só pelos efeitos imediatos da contração da atividade como também pelos receios sobre a evolução económica. A isto há a somar ainda, justifica a Cofina, o facto de o crescimento da publicidade digital está a ser feito para os “grandes agregadores internacionais Google e Facebook”.

A Cofina diz também que entre 2010 e 2020 as suas receitas caíram 65 milhões de euros e que nesse período avançou com cortes de custos operacionais de cerca de 55 milhões de euros que já não são, agora, suficientes face à redução da atividade que se verifica neste momento. Em 2017 a empresa já tinha feito um despedimento coletivo que abrangeu 64 trabalhadores. Com as rescisões por mútuo acordo feitas na altura, saíram do grupo 100 pessoas nesse ano. Um processo que, diz a empresa, afetou sobretudo as redações das diferentes publicações, tendo ficado de fora as áreas de suporte, nomeadamente as de tratamento de imagem, revisão, documentalistas e fotografia. E é nestas que se fará a esmagadora maioria da cessação dos contratos de trabalho porque, justifica a Cofina, parte destas funções podem ser feitas de forma automatizada. Mas a diminuição de postos de trabalho abrange também jornalistas no Correio da Manhã e Jornal de Negócios e elementos da direção comercial.

A comunicação da intenção de proceder a este despedimento coletivo foi entregue na semana passada aos trabalhadores alvo deste processo. Atendendo a que na Cofina não há comissão de trabalhadores nem quaisquer comissões sindicais, os trabalhadores afetados poderão designar uma comissão composta por 5 elementos, que os represente na fase de consultas que se seguirá. A empresa apontou o dia 21 de abril para uma “reunião de informações e negociação” com essa comissão.

A 1 de março a Cofina contava com 656 trabalhadores, de acordo com informação prestada aos trabalhadores.

A diminuição de recursos humanos tem afetado a generalidade dos grupos de comunicação social em Portugal. Um dos mais recentes a anunciar um despedimento coletivo foi a Global Media, detentora de meios como o Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF.

A Cofina, assumindo a necessidade de ganhar escala, esteve envolvida no ano passado na tentativa de compra da Media Capital (TVI, TVI24 e Rádio Comercial, entre outros meios), que fracassou perante o avanço do empresário Mário Ferreira, que comprou 30,22% do capital em maio do ano passado, e de um conjunto de acionistas portugueses que ficaram com a posição da espanhola Prisa, que assim cumpriu o objetivo de há vários anos de sair de Portugal.

O Expresso contactou a Cofina e o Sindicato dos Jornalistas, mas não foi possível obter comentários sobre o despedimento coletivo anunciado.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: PLima@expresso.impresa.pt

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