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Custo da dívida pública está em mínimos, mas juros já sobem

Com o contágio vindo dos EUA, o financiamento vai ficar mais caro. Pressão sobre as contas públicas vai depender também do futuro das regras orçamentais

Em 10 anos, o mercado da dívida ficou de pernas para o ar. O contraste é brutal. Teixeira dos Santos, o então ministro das Finanças no ano do resgate, teve de pagar 5,9% numa colocação de dívida de curto prazo. Foi o último leilão que o Tesouro fez antes de entrar a troika. Uma década depois, em janeiro, João Leão pagou, pela primeira vez na história da dívida portuguesa, um juro negativo num leilão de obrigações de longo prazo, a 10 anos.

O que isso significou para os encargos do Estado é assinalável. No ano do resgate, o custo anual do stock de dívida pública era de 4,1%. Em 2020 foi de metade (ver gráfico). Se o custo no ano passado fosse o de 2011, João Leão teria de ter pago quase o dobro dos juros — seriam €11 mil milhões em vez de 5,8 mil milhões. Pelo meio deram-se duas mudanças radicais. À escala do euro, a viragem na política monetária do Banco Central Europeu (BCE) iniciada com Mario Draghi no verão de 2012 e aprofundada com o início do programa de compra de dívida em 2015. Em Portugal, a redução brutal do défice orçamental português, que caiu de 11,4% do Produto Interno Bruto em 2010, no último ano completo de Teixeira dos Santos como ministro, para o primeiro excedente em democracia em 2019 com Mário Centeno, o antecessor de Leão.

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