Economia

Depois da H&M, China vira-se contra Adidas e Nike

Mega-store da sueca H&M no centro de Pequim.
Mega-store da sueca H&M no centro de Pequim.
FLORENCE LO

Marcas estrangeiras como a Nike e a Adidas estão esta quinta-feira sob forte crítica nas redes sociais chinesas, após a ofensiva de Pequim contra a marca sueca de vestuário H&M. Sob pano de fundo, estão as críticas sobre a existência de trabalho forçado na região de Xinjiang desmentidas pela China e o boicote ocidental ao maior centro de produção de algodão na China.

Várias plataformas de comércio eletrónico na China deixaram esta quinta-feira de mostrar a loja digital da marca de vestuário sueca H&M, meses depois de a empresa ter anunciado a suspensão da utilização do algodão de Xinjiang.

A decisão da marca deveu-se à alegada utilização de trabalho forçado no setor naquela província autónoma do noroeste da China.

De acordo com a agência de notícias espanhola EFE, as pesquisas da marca sueca nas plataformas JD.com, Taobao, Tmall e Pinduoduo não produziram quaisquer resultados.

Na quarta-feira, o Comité Central da Liga Comunista da Juventude chinesa publicou uma mensagem, na rede social Weibo (conhecida como o "Twitter chinês") na qual perguntava: "Querias ganhar dinheiro na China enquanto espalhas boatos para boicotar o algodão de Xinjiang? Querias!".

O texto estava acompanhado pelo comunicado da H&M, na qual a marca afirmava proibir "qualquer tipo de trabalho forçado" na sua cadeia de produção "independentemente do país ou região".

A empresa indicou também que ia pôr fim à relação de trabalho com um fornecedor chinês até que fossem esclarecidas as alegações contidas um relatório, segundo o qual 82 firmas chinesas e estrangeiras tinham beneficiado da deslocalização forçada de membros da minoria uigure.

Esta madrugada, a mensagem da Liga Comunista da Juventude tinha já mais de 40 mil partilhas e mais de 411 mil "gostos" e 16 mil comentários, muitos deles a favor da expulsão da marca do país.

Nike sob boicote

Outras empresas, como a norte-americana Nike, que no ano passado emitiu uma declaração semelhante à da H&M, também foram afectadas por apelos ao boicote de alguns utilizadores chineses da internet, o que levou o ator Wang Yibo a rescindir o contrato publicitário com a Nike.

Desde o boicote expresso produtos da Nike até à exigência que a Adidas abandone a China dão o tom da ira dos internautas chineses, relata a Reuters.

Sob o fogo da crítica está também a Better Cotton Initiative (BCI), um grupo internacional que promove a produção sustentável de algodão, que em outubro suspendeu a aprovação do algodão de Xinjiang para a temporada 2020-2021, devido à questão dos direitos humanos. China produz mais de um quinto do algodão mundial e Xinjiang responde por cerca de 87% da produção chinesa.

Estes apelos a um boicote, meses após as declarações da H&M, da Nike e da BCI sobre a questão, surgiram na mesma semana em que a União Europeia anunciou sanções contra quatro indivíduos e uma instituição chinesa por alegadas violações dos direitos humanos em Xinjiang.

O Reino Unido, o Canadá e os Estados Unidos também anunciaram sanções idênticas.

No mesmo dia em que estas medidas foram anunciadas, na segunda-feira, a China respondeu com sanções contra dez indivíduos e quatro instituições da UE.

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