A Liberty em Portugal vai permitir o trabalho remoto de forma definitiva aos trabalhadores que o aceitarem. Para isso, dará uma verba de 55 euros mensais, totalizando 660 euros a cada ano, para cobrir as despesas adicionais. Há uma condicionante: o trabalho tem de ser realizado sempre da mesma morada, não podendo ser feito de bibliotecas, por exemplo. A seguradora vai manter o edifício de 14 pisos que arrendou em 2019 para um período de dez anos.
O novo modelo de organização do trabalho na seguradora, que se quer tornar totalmente digital, acontece em Portugal, mas não só. “Juan Míguel Estallo, CEO da Liberty para o mercado europeu, anunciou aos dois mil colaboradores da seguradora em Portugal, Espanha, Irlanda e Irlanda do Norte que, a partir de hoje, e de forma definitiva, vão trabalhar a partir de qualquer lugar, seguindo um modelo de trabalho remoto”, revela uma nota enviada às redações esta quinta-feira, 11 de março.
O lema da iniciativa é “Liberty, Best Place to Be”, em vez de “Best Place to Work” (melhor local para viver/estar, em vez de melhor local para trabalhar, numa tradução simples). Em Portugal, haverá cerca de 400 trabalhadores, sendo que todos podem optar pelo regime.
Os trabalhadores que aceitarem esta opção vão receber “adicionalmente 660 euros brutos, por ano, para cobrir despesas”. São 55 euros brutos por cada mês. “A empresa dará aos colaboradores a opção de passar até dois dias por semana no escritório, assim que a pandemia passar, para realizar atividades específicas ou reuniões presenciais”, acrescenta ainda a mesma comunicação, em que adianta que o subsídio de alimentação continuará a ser pago.
Haverá uma compensação de 460 euros paga pela companhia para adaptar o posto de trabalho em casa no que diz respeito a novas admissões.
Sem faturas e sem ajudas a quem não aceitar
Esta ajuda será entregue e, ao Expresso, a seguradora explica que não é necessária a apresentação de qualquer fatura como comprovativo do gasto.
“Uma das grandes vantagens deste modelo é o facto de o trabalhador poder fixar o seu domicílio onde quiser dentro do país onde foi contratado. Este é um novo modelo de trabalho flexível que se adapta às novas necessidades dos colaboradores. Quem trabalha na Liberty pode viver onde preferir”, responde a empresa.
No entanto, na apresentação enviada, é indicado que terá de definir uma morada, e não exercer a atividade em bibliotecas, espaços de co-working ou bares.
Este valor não é um aumento, é um auxílio às despesas, pelo que, responde a Liberty ao Expresso, “quem optar por não aderir a este novo modelo, ou seja, regresse ao escritório nos moldes anteriores, a 100% no escritório, não receberá os 55 euros”.
De qualquer forma, citado no comunicado, o CEO da Liberty Europa refere que um inquérito feito para avaliar a experiência de trabalho concluiu que “93% dos colaboradores afirmam não querer voltar ao modelo de trabalho em vigor antes da pandemia”. A empresa diz que estava a estudar esta solução antes da covid-19.
Seguradora mantém edifício
Apesar deste alívio no espaço físico, a Liberty vai manter o edifício de 14 pisos onde está sediada em Portugal, no Parque das Nações. “Este espaço foi alugado pelo período de 10 anos e será para manter”, indica a empresa a questões colocadas pelo Expresso.
“Os nossos espaços físicos vão manter-se, mas serão diferentes daquilo a que estávamos habituados até hoje e terão uma utilização diferente, mais dirigida a atividades que se desenvolvam com maior eficiência de forma presencial como brainstormings, workshops, formações e team building do que para atividades diárias que podem ser desempenhadas sem problemas ou diminuição na qualidade de atendimento com um modelo digital”, explica a Liberty Seguros que, segundo os dados do regulador de seguros (ASF), é a 11ª maior companhia a atuar em Portugal, tendo uma quota de mercado de 2,7%, sendo mais relevante no segmento não vida (automóvel, acidentes de trabalho, incêndio).