Economia

A TAP "vai ter mudar de vida", avisa Miguel Frasquilho. E garante: a massa salarial não vai voltar a aumentar para os níveis de 2019

Frasquilho vai deixar a presidência do conselho de administração da TAP
Frasquilho vai deixar a presidência do conselho de administração da TAP
Marcos Borga

O presidente do conselho de administração da companhia aérea garante que "não está previsto um aumento da massa salarial a partir de 2024 para os níveis de 2019". Miguel Frasquilho esclarece que não há garantia de que o plano seja aprovado em Bruxelas, mas afirma que está a ser visto na Comissão Europeia como "credível"

A TAP "vai ter mudar de vida", avisa Miguel Frasquilho. E garante: a massa salarial não vai voltar a aumentar para os níveis de 2019

Anabela Campos

Jornalista

O presidente do conselho de administração da TAP, Miguel Frasquilho, ouvido esta terça-feira no Parlamento, afirmou que a massa salarial da companhia aérea não vai voltar aos valores de 2019 - cerca de 700 milhões de euros - em 2025, quando terminar o plano de reestruturação. "A TAP vai ter de ser uma empresa sustentável e rentável. Não vamos estar em 2025 ao mesmo nível de massa salarial que estávamos em 2019. Deve ser claro para que não haja mal entendidos", sublinhou Miguel Frasquilho, na comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, por requerimento do PSD e da Iniciativa Liberal.

Mais à frente na audição, o presidente do conselho de administração da companhia avançou, no entanto, que "de 2024 para 2025 haverá um crescimento da massa salarial em cerca de 20%". Esta, acrescentou, é a realidade que a TAP irá encontrar.

Até 2030, alerta Miguel Frasquilho, a TAP não poderá recorrer a mais ajudas públicas. "Depois de 2024 está previsto que a Comissão Europeia vá acompanhando, mais à distância, o que se passa na TAP. Mas nos próximos dez anos a TAP não pode recorrer a mais auxílios públicos... Até 2030 a TAP não poderá voltar a recorrer a um auxílio deste género", explicou.

"Não há nenhuma garantia de que o plano seja aprovado em Bruxelas", sublinhou Miguel Frasquilho. Mas acrescentou: "Não me passa pela cabeça que o plano não seja aprovado". O gestor prosseguiu: "A TAP já esteve em várias reuniões com a Direção Geral da Concorrência Europeia (DG Comp). É um plano que está a ser visto como sendo credível, cuidadoso e resiliente".

O gestor disse também a que a TAP "está determinada em promover a coesão do território a nível nacional". "Nunca perdendo de vista o hub de Lisboa, queremos reforçar a operação do Porto, de Faro e das ilhas da Madeira e dos Açores", avançou.

Neste contexto, o presidente do conselho de administração, admitiu que a TAP Express, marca usada pela Portugália, e com aeronaves mais pequenas poderá ser usada em operações mais pequenas, dando como exemplo algumas que são feitas a partir do aeroporto do Porto. "A TAP não quer, nem vai desinvestir na operação do Porto", sublinhou.

Miguel Frasquilho reconheceu, na sua intervenção inicial, que o plano de reestruturação da companhia exige “sacrifícios muitos significativos” aos trabalhadores, mas também um “grande esforço coletivo” dos portugueses num momento económico difícil. “Os sacrifícios pedidos a todos, incluindo aos trabalhadores, são muito significativos, mas não podia ser de outra forma, porque nunca é demais recordar que os portugueses estão a fazer um grande esforço coletivo para salvar a TAP e também estão a passar por dificuldades nas suas vidas e nos seus empregos”,

“Ao contrário do que se viu publicado, o plano de reestruturação não fará da TAP uma TAPzinha”, defendeu. E acrescentou: “É verdade que podemos reduzir a nossa frota para 88 aeronaves de passageiros, mas, ainda assim, será um número de aviões superior aos 75 que a TAP tinha em 2015, aquando da privatização”.

Impacto positivo cerca de 2 a 3 vezes o valor injetado

Miguel Frasquilho defendeu ainda que a ajuda pública à companhia estimada até 2024 terá um impacto positivo na economia cerca de duas a três vezes superior até 2030. Até ao final de 2020 foram injetados na TAP 1,2 mil milhões de euros, mas o valor poderá chegar aos 3,7 mil milhões de euros. “Portanto, é um impacto positivo muito forte, que se verificará em todas as vertentes”, acrescentou.

“A opção de deixar cair a TAP teria um custo fortíssimo para a nossa economia. […] Aquilo de que a TAP necessita até 2024 e o retorno que será gerado para a economia será muitíssimo superior a esse investimento que já está a ser feito pelos portugueses”, sublinhou o gestor.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt

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