Grupo irlandês investe €25 milhões num hostel em Lisboa

A pandemia não trava expansão europeia do grupo Clink, que tem na mira mais 11 hostels
A pandemia não trava expansão europeia do grupo Clink, que tem na mira mais 11 hostels
O Clink Hostel Group vai reconverter num hostel o antigo edifício dos CTT situado na Rua da Palma, junto ao Martim Moniz. O projeto replica um conceito de reabilitação de imóveis em zonas históricas, como este grupo, detido por uma família irlandesa, já fez em Amesterdão e Londres.
“O total do investimento previsto para Lisboa ronda os €25 milhões. É feito com recurso a capitais próprios da família Dolan, como qualquer outro projeto de expansão”, disse ao Expresso Terry Devey, o responsável para Portugal do grupo.
“O Clink Group prevê abrir mais 11 unidades em 10 cidades europeias até ao final de 2022”, acrescentou o responsável do grupo que detém em operação cinco hostels em Londres e Amesterdão, num total de 1842 camas.
“Apesar da pandemia, a família Dolan está muito interessada em avançar com o projeto em Lisboa. A nossa expectativa é que a retoma do turismo deverá começar pelos jovens, e Lisboa é um destino privilegiado”, salientou. “Vão ser os primeiros a voltar a viajar.”
Perto de metade do investimento em Lisboa, €11 milhões, foi concretizado em finais de 2018, com a compra do edifício que irá albergar uma unidade com capacidade para 750 camas. Constituído por dois corpos com três e quatro andares, unidos entre si por um logradouro, o imóvel tem uma área bruta de 4401 m2. “O custo de reconversão do imóvel deverá rondar os €14 milhões”, acrescentou. Desde a compra do edifício, foram feitas uma série de sondagens, bem como os projetos de engenharia e de arquitetura.
“O projeto de arquitetura foi submetido à CML, acabámos de dar resposta aos pedidos de esclarecimento e entregámos as alterações em janeiro”, explica João Jacinto, administrador da Pátria, a empresa portuguesa que gere o projeto.
“O projeto está em licenciamento para habitação, para depois ser alterado para alojamento local (AL)”, adianta João Jacinto, salientando que no decorrer do processo a autarquia decidiu congelar o AL em certas zonas. “Queremos ocupar a quota disponível do alojamento local em Lisboa e na zona em referência, após a saída de vários operadores de mercado durante a pandemia”, salienta Terry Devey. “O nosso hostel não é um alojamento local comum, com um ou dois quartos, mas uma unidade equivalente a um hotel de três estrelas”, acrescenta. Quanto à demora no licenciamento, Devey considera que é difícil de entender para um investidor estrangeiro. “Em Dublin, um projeto comprado ao mesmo tempo que o de Lisboa já está em construção há cerca de seis meses.”
Como fator diferenciador das unidades do Clink, Devey salienta a ligação às comunidades locais, sobretudo na vertente de voluntariado em áreas que vão da confeção e distribuição de comida até à animação cultural, e que será replicado em Lisboa. Lembra que nos hostels de Londres e de Amesterdão o grupo disponibiliza mil lugares gratuitos para os voluntários. “Gostaríamos de trabalhar com a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, para, juntamente com as entidades locais, estudarmos em conjunto um projeto para apoiar a população local na zona envolvente”, acrescenta.
O plano de negócio prevê a criação de 90 postos de trabalho no hostel, que deverá gerar para a cidade uma receita na ordem dos €7 milhões por ano.
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