Economia

Lucros do BPI recuam 68% em 2020 devido à pandemia e custos com saída de pessoal

Lucros do BPI recuam 68% em 2020 devido à pandemia e custos com saída de pessoal

Resultados do BPI caíram em Portugal, mas contributos de Angola e Moçambique também recuaram "significativamente". Banco cortou 218 postos de trabalho no ano passado. Moratórias deverão terminar sem problemas significativos

Lucros do BPI recuam 68% em 2020 devido à pandemia e custos com saída de pessoal

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Lucros do BPI recuam 68% em 2020 devido à pandemia e custos com saída de pessoal

Isabel Vicente

Jornalista

Os lucros do Banco BPI recuaram 68% no ano passado, descendo dos 327,9 milhões de euros, em 2019, para 104,8 milhões de euros, em 2020. A pandemia prejudicou os resultados, mas também houve custos com reformas antecipadas e rescisões voluntárias a contar para estes números.

O resultado líquido obtido pelo banco em Portugal cedeu 71% para 66,2 milhões de euros, sendo que o BPI ressalva que, a nível recorrente, o número é melhor, tendo em conta o impacto extraordinário com essas saídas de pessoal, em torno de 18 milhões de euros. No ano passado, este impacto não recorrente tinha sido de 1,1 milhões de euros.

A nível internacional, os contributos de Angola (BFA) e de Moçambique (BCI) também caíram "significativamente", admitiu o CEO, sendo de 30,2 milhões e 8,4 milhões, respetivamente.

“São resultados bons, não só em termos quantitativos, mas acima de tudo em termos qualitativos”, indicou João Pedro Oliveira e Costa, em conferência de imprensa de apresentação de resultados, esta quinta-feira, 4 de fevereiro. Ainda assim, a rentabilidade dos capitais próprios afundou de 8,9% para 2,7%, um valor "muitíssimo baixo", assumiu.

Saída de 218 trabalhadores e fecho de 55 agências

A nível operacional, o produto bancário recuou 1,3% para 698,3 milhões de euros, prejudicado pelo deslize das comissões recebidas dos clientes e pelos resultados da sua participada Cosec, que ofuscaram a melhoria da margem financeira.

No campo dos custos, o BPI teve uma subida de 0,7%, sobretudo devido ao referido impacto com a saída de pessoal.

Entre o final de 2019 e o final de 2020, o banco detido pelo CaixaBank registou a saída líquida de 218 trabalhadores, “147 reformas antecipadas e rescisões voluntárias no 4.º trimestre de 2020”, segundo o comunicado de resultados.

Também a rede de distribuição, com balcões e centros de empresas, perdeu dimensão: foram fechadas 55 unidades, totalizando agora 422 agências.

A prejudicar as contas do banco estiveram ainda as imparidades – no ano passado, esta rubrica tinha dado um contributo positivo de 43 milhões, devido às reversões de imparidades anteriormente constituídas. Este ano, o efeito foi negativo, na ordem dos 151 milhões, 97 milhões dos quais são imparidades que não estão associadas diretamente a nenhum cliente, sendo gerais para conter o contexto covid-19. “Por prudência”, justificou o CEO. O rácio de malparado ficou em 2,1% no fecho do ano.

BPI quer custo adicional noutros sectores

O BPI pagou, em 2020, um total de 39,5 milhões de euros para os fundos de resolução nacional e europeu, na contribuição do setor bancário, no adicional de solidariedade sobre o sector bancário e ainda no Fundo de Garantia Depósitos.

Sobre o adicional de solidariedade, criado este ano, no âmbito da pandemia, o presidente do BPI afirma não entender porque é que outros sectores não contribuem. "Não percebo porque são só os bancos a contribuir", uma ideia partilhada por outros banqueiros.

Mais crédito e mais depósitos

Os recursos de clientes aumentaram 7,6% para 37 mil milhões de euros, com os depósitos a crescerem 13% para 26 mil milhões de euros. “No sector existe um aumento generalizado dos depósitos dos clientes, devido à contração do consumo”, disse o CEO. Os fundos de investimento registaram um crescimento de 1,2%, mas os seguros de capitalização registaram uma queda de 4,8%.

No que diz respeito ao crédito, a carteira subiu 5,4% para 25,7 mil milhões de euros. O crédito concedido a empresas registou um crescimento de 5,9% e o crédito à habitação de 5,5%.

Moratórias sem "problema significativo"

No que diz respeito às moratórias, o BPI concedeu suspensões de prestações em créditos de 5,6 mil milhões de euros, o que representa 22% da carteira total. João Pedro Oliveira e Costa destacou o papel importante destas medidas, na conferência de apresentação de resultados.

Do total das moratórias concedidas, 2.495 milhões de euros dizem respeito a moratórias no crédito à habitação e 2.792 milhões em moratórias a empresas. No crédito pessoal e automóvel, estas ascenderam a 333 milhões de euros.

Segundo os cálculos de Oliveira e Costa, 25% das moratórias vencem-se agora em março, sendo que as restantes irão até setembro de 2021. “As moratórias são medidas transitórias e é importante ter esta linha de visão. Temos acompanhado todos os clientes com moratórias e verificamos que a esmagadora maioria não piorou a sua situação financeira e, por isso, não antevemos um problema significativo”.

Já no que toca às linhas públicas covid-19, o banco financiou empresas com 722 milhões de euros, entre 8,4 mil candidaturas.

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