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Zona euro vai levar dois anos a recuperar da crise, avisa o FMI

Sede da Comissão Europeia, em Bruxelas
Sede da Comissão Europeia, em Bruxelas
Yves Herman/Reuters

A economia da moeda única registou em 2020 a maior recessão dos últimos 70 anos e a recuperação da crise vai levar no mínimo dois anos, prevê o Fundo Monetário Internacional na atualização do World Economic Outlook publicada esta terça-feira. Espanha e Itália vão levar mais tempo

Zona euro vai levar dois anos a recuperar da crise, avisa o FMI

Carlos Esteves

Jornalista infográfico

A economia da zona euro registou em 2020 a maior recessão desde 1950, avança o Fundo Monetário Internacional (FMI) na atualização do World Economic Outlook (WEO) publicado esta terça-feira em Washington.

No entanto, o colapso económico não foi tão profundo quanto os economistas do FMI previam em outubro. O Produto Interno Bruto (PIB) da economia dos 19 caiu 7,2% no ano passado, segundo as novas previsões publicadas esta terça-feira.

No WEO, publicado em outubro, o FMI temia uma quebra de 8,3% num quadro de incertezas sobre o desenrolar de três grandes incógnitas - as negociações entre Bruxelas e o Reino Unido (pesando a probabilidade de um Brexit sem acordo); o fecho da negociação do Fundo de Recuperação e Resiliência e do Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia; e o plano de vacinação contra a covid-19.

Juntamente com a revisão em baixa da recessão no conjunto da zona euro em 2020, os economistas do FMI reduziram, também, as previsões para as quebras do PIB sobretudo em Espanha (de uma quebra de 12,8% para um recuo de 11,1%) e Itália (de -10,1% para -9,2%).

Nesta atualização intercalar, o FMI só publica novas previsões de 21 grandes economias, pelo que Portugal não está incluído. Recorde-se que, em outubro, o Fundo apontava para um colapso de 10% da economia portuguesa; mas, mais recentemente, o Banco de Portugal, a OCDE e o Governo português estimam um recuo entre 8,1% e 8,5%.

Recuperação mais lenta

Mas, o menor pessimismo sobre a dimensão do colapso provocado pela pandemia da covid-19 em 2020, foi temperado por um refrear no otimismo da recuperação económica a partir de janeiro de 2021.

Em vez de uma recuperação de 5,2% este ano, a nova previsão aponta para 4,2%, menos 1 ponto percentual, o que significa que o tempo para sair da crise será mais demorado do que no conjunto da economia mundial e nos Estados Unidos.

O impacto da terceira vaga do coronavirus na Europa desde o final de 2020 e os novos confinamentos que se estendem pelo começo de 2021, bem como a maior lentidão esperada na execução do Fundo de Recuperação e Resiliência impõem um passo mais lento na recuperação da zona euro.

Segundo o documento do FMI, "as revisões em baixa para as previsões da zona euro em 2021 refletem um abrandamento já observado da atividade durante o final de 2020, que se antecipa continuar no começo de 2021 no meio de um crescimento de infeções e de novos confinamentos".

Recuperação da crise leva dois anos ou mais

Enquanto a economia global (puxada nomeadamente pela China, Índia e EUA) conclui a recuperação da crise ao longo de 2021, a zona euro precisa de dois anos. Tal como se prevê que aconteça com as duas maiores economias do euro, a Alemanha e a França.

Mais demorada vai ser a retoma em Espanha e Itália, que deverá estender-se para dentro de 2023.

No conjunto das principais economias que são destinos de exportação dos produtos portugueses, o mercado que vai recuperar mais rapidamente é os EUA, sem contar com a China que já está em crescimento contínuo desde o segundo trimestre de 2020.

Riscos na zona euro

As previsões do FMI para a zona euro baseiam-se, por um lado, em que a onda de vacinação seguirá o seu curso, e, por outro, que o Banco Central Europeu vai manter a sua política "acomodativa" (no financiamento dos bancos e na compra de títulos) e que Bruxelas consegue começar a concretizar o pacote financeiro do Fundo de Recuperação e Resiliência ainda durante o segundo semestre do ano.

Nos pressupostos financeiros das previsões apresentadas, o FMI aponta para uma taxa média da Euribor a 3 meses ainda mais negativa em 2021 e 2022 do que se registou em 2020. As previsões apontam para -0,5% este ano e -0,6% no próximo ano.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: Cesteves@expresso.impresa.pt

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