Economia

Número de desempregados registados aumenta pela primeira vez em dois meses

Número de desempregados registados aumenta pela primeira vez em dois meses

Depois de dois meses a traçar uma trajetória de descida, em contraciclo com a situação da economia, o número de desempregados inscritos nos centros de emprego nacionais subiu em dezembro. Há agora 402.254 desempregados registados, mais 1% do que em novembro

Número de desempregados registados aumenta pela primeira vez em dois meses

Cátia Mateus

Jornalista

Mergulhado na crise trazida pela pandemia de covid-19, Portugal fechou 2020 com uma subida do número de desempregados inscritos nos centros de emprego nacionais. Depois de dois meses com o desemprego registado a descer, em dezembro o país somou 402.254 indivíduos desempregados. Segundo os dados esta quarta-feira divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) são mais 3.967 (1%) desempregados inscritos do que em novembro e mais 91.772 (29,6%) do que os inscritos nos centros de emprego há um ano.

Apesar da atividade económica ter abrandado, o desemprego nacional estava a recuar até novembro. Em dezembro o cenário mudou. É o que sinalizam os últimos indicadores do IEFP. Para o aumento do desemprego registado no último mês do ano, que em termos homólogos está muito perto dos 30%, terão contribuído "todos os grupos do ficheiro de desempregados, com destaque para as mulheres, adultos com idade igual ou superior a 25 anos, os inscritos há menos de um ano, os que procuravam novo emprego e os que possuem como habilitação escolar o secundário".

Em termos geográficos, no mês de dezembro de 2020, o desemprego registado aumentou em todas as regiões do país. Dos aumentos homólogos, o mais pronunciado deu-se na região do Algarve (+60,8%), seguido de Lisboa e Vale do Tejo (+41,1%) e da região da Madeira com +31,3% de desempregados inscritos nos centros de emprego locais.

Qualificados foram os mais atingidos pelo aumento do desemprego

Uma análise ao perfil dos desempregados no continente, por grupo profissional, demonstra que os trabalhadores não qualificados foram os mais sacrificados com este aumento do desemprego com uma subida de 25,1% em cadeia, ou seja face a novembro. A seguir na lista estão is trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção segurança e vendedores (22,2%), o pessoal administrativo (11,4%), os especialistas das atividades intelectuais e científicas (10,4%) e os Trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices (10,3%).

Relativamente ao mês homólogo de 2019, e excluindo os grupos com pouca representatividade no desemprego registado, o grupo trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção segurança e vendedores foi o que apresentou a mais expressiva subida percentual do desemprego, 45,6%. Logo a seguir na maior variação homóloga de desempregados inscritos surgem os grupos dos operadores de instalações e máquinas e trabalhos de montagem (+35,5) e o dos representantes do poder legislativo, orgãos executivos, dirigentes, directores e gestores sociais (+31,0%).

No que respeita à atividade económica de origem do desemprego, dos 343 770 desempregados que no final do mês de dezembro estavam inscritos como candidatos a novo emprego nos serviços públicos de emprego do continente, 72,5% tinham trabalhado em atividades do sector dos “serviços”, com destaque para as “Atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio” (28,7%); 20,2% eram provenientes do sector “secundário”, com particular relevo para a “Construção” (6,3%)"; ao sector “agrícola” pertenciam 4,4% dos desempregados.

"O desemprego aumentou nos três sectores de atividade económica face ao mês homólogo de 2019. Este aumento registou maior expressão no sector "serviços" (+33,7%)", explica o IEFP. A desagregação deste sector de atividade económica permite observar que as subidas percentuais mais acentuadas, por ordem decrescente, se verificaram nas atividades de: "Alojamento, restauração e similares" (+57,7%), "Transportes e armazenagem" (+44,3%) e "Atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio" (+41,5%). No sector "secundário", destaca-se a subida nos ramos da "Indústria do couro e dos produtos do couro" (+51,6%), da "Fabricação de veículos automóveis, componentes e outros equipamentos de transporte" (+34,9%) e da "Indústria do vestuário" (+22,6%).

Ao longo deste mês de dezembro de 2020, inscreveram-se, nos serviços de emprego nacionais, 45.731 desempregados. Este número é superior ao observado no mesmo mês de 2019 (+3 536 ; +8,4%) e inferior em relação ao mês anterior (-6 234 ; -12,0%). Por sua vez, as ofertas de emprego recebidas ao longo deste mês totalizaram 7.771, mais 639 (9,0%) do que em dezembro de 2019 e menos 641 (-7,9%) do que no mês anterior. No final de dezembro ficaram por satisfazer 10.862 ofertas de emprego. O número número corresponde a uma redução anual (-641 ; -5,6%) e a uma diminuição mensal (-3 006; -21,7%) das ofertas.

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