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Novo Banco: PS centra-se em Carlos Costa, todos os partidos atentos a Ramalho

Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, e Fernando Negrão, do PSD, presidente da comissão, no arranque de novo inquérito ao Novo Banco
Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, e Fernando Negrão, do PSD, presidente da comissão, no arranque de novo inquérito ao Novo Banco
tiago miranda

Socialistas focam-se na comparação entre venda, no Governo Costa, e liquidação e frisam “condições” de Bruxelas

Novo Banco: PS centra-se em Carlos Costa, todos os partidos atentos a Ramalho

Diogo Cavaleiro

Jornalista

O PS vai centrar as suas inquirições na comissão de inquérito ao Novo Banco sobretudo nas decisões tomadas pelo Banco de Portugal (BdP), quando encabeçado por Carlos Costa. Exemplo disso é a intenção de convocar representantes da Fosun a prestar depoimento, para tentar perceber porque falhou o primeiro concurso de venda do Novo Banco, em 2015, em que o grupo chinês, hoje acionista do BCP, fez uma proposta.

Mas o grupo parlamentar coordenado por João Paulo Correia também recua à separação entre BES e Novo Banco, feita pelo BdP em agosto de 2014, ainda no Governo PSD/CDS, para perceber como é que transitaram ativos problemáticos para a nova entidade.

Além disso, outra das questões que o PS (com sete dos 17 deputados efetivos) quer ver respondidas está relacionada com a transferência, ditada pelo supervisor, de €2 mil milhões do Novo Banco para o BES, já no fim de 2015, que causou perdas a investidores institucionais — tema a que o PSD dá atenção, já que este aconteceu já durante o Governo Costa, que deixou críticas públicas à decisão do BdP. As gestoras internacionais BlackRock e Pimco, penalizadas por essa decisão, são elencadas no requerimento socialista.

Já em relação à venda do Novo Banco, decidida em 2017, já sob o Governo de António Costa, o PS centra-se na comparação entre a alienação à Lone Star e a liquidação, e foca-se, igualmente, nas “condições impostas pela Comissão Europeia”, tentando esvaziar ataques ao Governo de António Costa. Aqui, o PSD e os restantes partidos pretendem conhecer todas as informações que o Executivo foi tendo sobre o Novo Banco.

São diferentes perspetivas sobre um dos momentos centrais na vida do banco. Foi nesta data que ficou decidido que o Fundo de Resolução poderia enfrentar mais uma fatura de até 3,89 mil milhões de euros com o Novo Banco - 3 mil milhões entretanto já pagos.

Carlos Costa e Ramalho no centro de todos

Carlos Costa nunca foi propriamente poupado a críticas e, aliás, todos os partidos querem ter na sua posse o relatório interno, mantido até hoje na confidencialidade, que avalia o acompanhamento que o BdP fez aos últimos meses de vida do BES. Centeno já disse que o espera divulgar em breve, mas também ele, como ministro, será escrutinado, tendo sido um dos nomes mais chamados pelos partidos, até porque é ele que, em março de 2017, dá a cara pelo anúncio da venda, ao lado de António Costa.

António Ramalho consta de todos os requerimentos, com os partidos a quererem perceber as decisões sobre as vendas de créditos e imóveis com perdas para o banco, bem como em ouvir as contrapartes e os assessores dessas operações. O presidente do Novo Banco já foi, no Parlamento, criticado por todo o espectro político. O preço das transações é um dos pontos centrais, mas também os potenciais conflitos de interesse em cima da mesa.

O Novo Banco já anunciou que tem uma equipa de 40 funcionários a trabalhar para responder aos pedidos feitos pela comissão de inquérito e pelo Tribunal de Contas e pela Deloitte, que realizam auditorias ao banco.

Centeno, Carlos Costa, Luís Máximo dos Santos, Maria Luís Albuquerque, António Ramalho, Nuno Vasconcellos, Luís Filipe Vieira e Rui Pinto fazem parte das mais de cem audições propostas.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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