Economia

Centeno espera revelar em breve relatório sobre últimos dias de vida do BES mantido em segredo por Carlos Costa

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal
Mário Centeno, governador do Banco de Portugal
PEDRO NUNES

Banco de Portugal aguarda que Tribunal da Relação de Lisboa se pronuncie sobre confidencialidade de relatório elaborado por comissão liderada por João Costa Pinto

Centeno espera revelar em breve relatório sobre últimos dias de vida do BES mantido em segredo por Carlos Costa

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Mário Centeno espera que o relatório de avaliação do acompanhamento que o Banco de Portugal fez ao Banco Espírito Santo (BES) nos últimos momentos da sua vida, em 2014, possa ser divulgado em breve.

“O Banco de Portugal disponibilizou já ao Tribunal da Relação o referido relatório para poder ser retirado o segredo que impende sobre o relatório, para que possa ser também divulgado, no sentido das respostas que temos a pedidos parlamentares”, comentou o governador do Banco de Portugal na comissão de Orçamento e Finanças esta terça-feira, 22 de dezembro.

Este relatório tem sido insistentemente solicitado pelo Parlamento ao supervisor bancário, mas, na liderança de Carlos Costa, houve sempre recusa em entregá-lo por estar sob segredo profissional. O ex-governador dizia que este era apenas um documento de trabalho, mas a verdade é que, segundo noticiou o Jornal de Negócios, o relatório, elaborado por uma comissão presidida por João Costa Pinto e com o apoio da Boston Consulting Group, é crítico do acompanhamento feito pelo Banco de Portugal ao BES.

Segundo o jornal, houve dois dossiês (BES Angola e relação do banco com o GES) em que a autoridade tinha alguma informação, mas não a usou na supervisão sobre o BES.

Centeno, muito crítico do seu antecessor, admitiu a divulgação do relatório desde que liberto do segredo, e é o tribunal que agora se vai pronunciar sobre isso. “É uma dimensão muito importante e esperamos que possa ser, com sucesso, resolvida proximamente”, antecipa o governador.

Num processo em curso na justiça, o Banco de Portugal solicitou a desclassificação do relatório, para que ele pudesse ser anexado ao processo, bem como para poder, posteriormente, "responder de outra forma aos pedidos para acesso a este relatório".

O documento já foi pedido tanto pelo BE como pelo PCP nos seus requerimentos de pedidos de documentação no âmbito da nova comissão de inquérito ao Novo Banco. Também a defesa de Ricardo Salgado, nos processos judiciais decorrentes das contraordenações interpostas pelo Banco de Portugal, tem solicitado o acesso a este relatório.

Aos deputados, o antigo ministro das Finanças quis retirar eventuais dúvidas sobre o documento. “É um relatório, não é uma auditoria, não teve contraditório, é o relatório que cobre até aos últimos 15 dias anteriores à resolução do BES. Não é um relatório sobre a resolução bancária”, explicou.

(Notícia atualizada com mais informações pelas 12.40)

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