O Banco de Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) decidiu, por unanimidade, na última reunião do ano realizada quarta e quinta-feira não alterar o quadro de estímulos monetários em vigor, que se baseiam numa taxa diretora de 0,1% e num teto anual de compra de títulos de 895 mil milhões de libras (€994 mil milhões).
Mas o BoE mostrou-se mais pessimista sobre o andamento da economia britânica no final deste ano e preocupado com os primeiros três meses de 2021.
Os banqueiros da libra admitem, agora, que o quarto trimestre de 2020 poderá "ser mais fraco" do que o previsto na reunião de novembro e revelaram-se preocupados com o primeiro trimestre de 2021, em virtude do grau de "incerteza fora do comum" que continua a dominar a economia britânica.
Uma das preocupações é saber quais vão ser os impactos no começo do ano das medidas restritivas contra a pandemia tomadas no final de 2020.
As duas grandes incertezas
As duas incertezas sobre o próximo ano, citadas pelo comunicado oficial do BoE, respeitam à dinâmica da covid-19 (sob efeito da primeira vaga de vacinação) e ao desfecho das negociações entre Londres e Bruxelas sobre o acordo comercial pós-Brexit.
Os banqueiros da libra não sabem qual vai ser o impacto imediato "no comportamento das famílias e das empresas" das expectativas positivas sobre a vacinação.
O quadro de política monetária do BoE que está em vigor tem como pressuposto fundamental que o Reino Unido e a União Europeia chegarão a um acordo comercial do tipo do realizado por Bruxelas com o Canadá.
Na reunião de novembro, para fazer face à incerteza, os banqueiros da libra haviam decidido aumentar o teto do programa de compras em 150 mil milhões de libras (cerca de €170 mil milhões).
A economia britânica deverá registar em 2020 um colapso económico maior do que o da zona euro (uma quebra de 11% face a um recuo de 7,3% no caso da zona euro, segundo o Banco Central Europeu) e a inflação média anual deverá ser de 0,5% (face a 0,2% no caso da zona euro).
As projeções dos economistas apontam para uma recuperação económica acima de 6% em média nos próximos dois anos, uma dinâmica muito acima dos 4% em média na zona euro projetados pelo BCE.
Em virtude do salto no programa de compra de títulos pelo BoE desde abril deste ano, o valor dos ativos do banco subiu para 893 mil milhões de libras (€994 mil milhões), incluindo 740 mil milhões de libras (€822 mil milhões) na carteira de títulos adquiridos ao abrigo da política monetária de estímulos.
O valor dos ativos do BoE é sete vezes menor do que o do BCE e a carteira de títulos é cinco vezes mais pequena que a do banco central do euro.
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