"Há problemas de ineficiências na TAP muito antigos, alguns foram agravados com a gestão privada", afirmou o ministro das Infraestruturas esta sexta-feira na conferência de imprensa onde apresentou o plano de reestruturação. E apontou os acordos de empresa como uma razões para isso acontecer. Os acordos de empresa da TAP, refira-se, vão ser suspensos na sequência desse plano, que foi apresentado esta semana em Bruxelas.
A transportadora portuguesa, diz o ministro, tem mais pilotos e tripulantes por avião que as congéneres. "A TAP tem mais 19% de pilotos por aeronave do que praticamente todos os concorrentes. E tem mais 28% de tripulantes por aeronave do que a maior parte dos concorrentes", avançou Pedro Nuno Santos. O plano, sublinhe-se, prevê o despedimento de 500 pilotos da TAP e de 750 tripulantes. Está prevista também a não renovação do contrato de trabalho de cerca de mil tripulantes.
"Os custos laborais por pilotos da TAP entre 2017 e 2019 subiram 37%. A TAP independentemente da crise Covid estava num trajeto que a tornava menos competitiva face aos seus concorrentes", sublinhou o governante.
O ministro frisou ainda que os pilotos ganham mais na TAP do que em alguns empresas que se lhes equiparam, como a Ibéria. "Temos uma companhia onde os pilotos ganham mais do que alguns dos nossos concorrentes, por exemplo a Ibéria. Mais uma vez, não estamos a dizer que a responsabilidade da situação da TAP é dos trabalhadores, porque não é. Mas os custos laborais que a empresa enfrenta são um peso na TAP que tornam mais difícil a sua recuperação", afirmou.
Até agora a TAP, para produzir o mesmo, tem precisado de mais pilotos do que os concorrentes diretos, uma diferença que, sublinhou, tem de ser corrigida com o plano de reestruturação.
O governante sublinhou que "a TAP tinha e tem um conjunto de ineficiências que a tornam menos competitiva do que os seus concorrentes, que são as companhias de bandeira (Ibéria, Lufthansa, Air France). Antes da covid-19 tinha já um conjunto de desvantagens competitivas face às congéneres", considerou.
Cortes não afetam salários abaixo dos 900 euros
O plano de reestruturação inclui cortes salariais transversais à companhia aérea, mas não irá afetar os trabalhadores que ganham menos de 900 euros. "Até 900 euros não se aplicam cortes, a partir daí, é aplicada uma taxa de 25%. Isto é, um trabalhador que ganhe 1.000 euros tem um corte de 25% sobre 100 euros, a que corresponde uma redução de 2,5%. Depois progressivamente à medida que o nível salarial vai aumentando, o corte salarial vai-se aproximando dos 25%", explicou Pedro Nuno Santos.
O ministro afirmou que este corte na massa salarial é uma forma de evitar que sejam despedidos mais 600 e 1.000 trabalhadores do que os que estão previstos. "Se não fizéssemos corte salarial tínhamos ainda de despedir mais pessoas", esclareceu.
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