Dívida em novo máximo não impede poupanças com juros. Fatura diminui €546 milhões este ano e €743 milhões em 2021. Taxas das obrigações a 10 anos já estão negativas
A dívida pública vai atingir novos máximos, mas os juros que o Estado vai pagar são cada vez mais baixos. É um aparente paradoxo, que se deve à queda das taxas da dívida no mercado, que esta semana caíram pela primeira vez para valores negativos no prazo a 10 anos. Em dois anos — 2020 e 2021 —, a poupança face ao que se esperava antes da pandemia vai atingir €1289 milhões. As contas são do Expresso e comparam a fatura com juros prevista para estes dois anos com aquilo que agora o Ministério das Finanças espera gastar. São €546 milhões a menos em 2020 e €743 milhões em 2021.
O ‘milagre’ da queda dos juros deve-se ao reforço dos estímulos do Banco Central Europeu (BCE) face à crise gerada pela inesperada pandemia de covid-19. No conjunto dos dois programas de compras em curso, o BCE já adquiriu este ano, no mercado secundário, perto de €17 mil milhões em dívida pública portuguesa, num quadro em que o Tesouro emitiu, até final de outubro, €28,3 mil milhões em nova dívida. Ou seja, o equivalente a 60% da emissão teve um investidor garantido no mercado secundário. A trajetória de queda dos juros nas últimas semanas alimentou-se da expectativa de que o banco central dirigido por Christine Lagarde reforce a ‘bazuca’ dos estímulos na reunião que realizou na quinta-feira, cujas conclusões foram divulgadas já depois do fecho desta edição.
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