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Portugal ultrapassa a marca de 1 gigawatt em centrais solares

Portugal ultrapassa a marca de 1 gigawatt em centrais solares
FOTO Alberto Frias

A energia fotovoltaica ainda só contribui com 3% da eletricidade consumida no país, mas o ritmo de crescimento desta fonte está em aceleração e promete equipará-la nos próximos anos à capacidade instalada das eólicas e das hídricas

Portugal ultrapassa a marca de 1 gigawatt em centrais solares

Miguel Prado

Editor de Economia

Portugal já tem mais de um gigawatt (GW) de capacidade instalada para produção de eletricidade a partir de centrais solares fotovoltaicas. É um marco simbólico, mas confirma a tendência de crescimento desta fonte renovável, que é também aquela que apresenta maiores perspetivas de expansão em Portugal nos próximos anos.

A mais recente estatística da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), relativa a outubro, revela que Portugal passou a ter 1030 megawatts (MW) de capacidade fotovoltaica, mais 37 MW do que a potência solar reportada em setembro.

Com esta evolução o país passou a ter mais de 1 GW de capacidade fotovoltaica operacional, tornando-se esta fonte a terceira de base renovável a ter esse estatuto, atrás da hídrica (com 7,1 GW) e da eólica (com 5,4 GW).

Os dados da DGEG mostram que atrás das centrais fotovoltaicas estão as centrais de biomassa, com 709 MW instalados, mas com perspetivas de crescimento bem mais modestas que as da energia solar.

Além deste 1 GW fotovoltaico em operação Portugal já licenciou nos últimos dois anos outros 2 GW de centrais solares por via de leilões, havendo ainda outras vias de licenciamento que estão a seguir o seu curso e que deverão trazer ao sector elétrico nacional uma miríade de novos produtores fotovoltaicos.

Uma dessas vias de licenciamento prevê acordos em que os promotores assumem o encargo de reforço da rede de transporte de eletricidade operada pela REN, como contrapartida pelo direito a ligar à rede grandes centrais solares. Através desses acordos deverão ser viabilizados pelo menos 3,5 GW adicionais de centrais solares.

Um intenso crescimento

As estatísticas da DGEG mostram que ao longo da última década a energia solar esteve em franco crescimento em Portugal, saltando de apenas 174 MW em 2011 (dos quais 46 MW pertenciam a uma só central solar, a da Acciona na Amareleja) para os atuais 1030 MW.

Em nove anos Portugal multiplicou por cinco a potência fotovoltaica instalada, o equivalente a um crescimento médio anual superior a 50%.

Neste mesmo período a capacidade eólica do país teve uma evolução bem mais suave, crescendo de 4,4 para 5,4 GW. Já a capacidade hidroelétrica evoluiu de 5,3 GW em 2011 para 7,1 GW em 2020.

Quanto pesa o sol na nossa eletricidade?

Embora Portugal esteja hoje a aproveitar melhor o seu potencial solar (tirando partido de uma acentuada redução do custo dos equipamentos fotovoltaicos), esta fonte tem ainda uma expressão diminuta no nosso consumo de eletricidade.

Os dados divulgados quarta-feira pela REN - Redes Energéticas Nacionais indicam que este ano, de janeiro a novembro, a energia fotovoltaica contribuiu para 3% do consumo de eletricidade em Portugal, contra os 24% da hídrica, 24% da eólica e 7% da biomassa.

Apesar de haver já mais capacidade solar do que em centrais de biomassa, a verdade é que as centrais fotovoltaicas estão limitadas a produzir durante o dia, enquanto as unidades de biomassa podem produzir eletricidade a qualquer hora.

A concretização dos projetos fotovoltaicos já licenciados irá, no entanto, reforçar o peso da energia solar no volume de eletricidade produzida e consumida em Portugal ao longo dos próximos anos.

Produção solar equivale ao consumo de 720 mil famílias

Segundo a DGEG, a produção anualizada das centrais fotovoltaicas (para o período de novembro de 2019 a outubro de 2020) ascende a 1604 gigawatt hora (GWh). Mas o que significa isso?

Os dados da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) indicam que o consumo médio de cada cliente na baixa tensão normal é de 2.225 kilowatt hora (kWh) por ano (ou 2,2 MWh).

Assim sendo, a eletricidade produzida pelas centrais solares em Portugal ao longo dos últimos 12 meses terá coberto o consumo de aproximadamente 720 mil famílias (entre os 6,3 milhões de famílias / pontos de consumo existentes no país).

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

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