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Com menos de 88 aviões, TAP coloca em risco o hub de Lisboa

Com menos de 88 aviões, TAP coloca em risco o hub de Lisboa
José Carlos Carvalho

Trabalhadores da TAP surpreendidos com agressividade do plano de reestruturação. Pedro Nuno Santos com margem reduzida para negociar

Com menos de 88 aviões, TAP coloca em risco o hub de Lisboa

Anabela Campos

Jornalista

A TAP vai ficar mais pequena, mas ainda assim as expectativas da administração liderada por Miguel Frasquilho e do Governo é que a companhia mantenha uma dimensão maior do que tinha antes da privatização, quando o norte-americano David Neeleman entrou no capital em 2015. O plano de reestruturação que o Ministério das Finanças irá apresentar em Bruxelas, a 10 de dezembro, prevê que a transportadora mantenha em atividade 88 aviões, mais 11 do que tinha quando Neeleman e Humberto Pedrosa se tornaram acionistas. É um número que dará à TAP uma dimensão que justifica o hub no aeroporto de Lisboa e que lhe permitirá continuar a fazer os voos transcontinentais para o Brasil e os EUA, na verdade aqueles em que a companhia tem uma vantagem competitiva. Caso contrário, a sua sobrevivência torna-se difícil. A TAP não tem músculo para disputar o mercado europeu.

É preciso, contudo, que a Comissão Europeia aceite sua­vizar a maneira como olhou para a situação da TAP, a única companhia europeia que se viu empurrada para um plano de reestruturação para empresas em dificuldades financeiras e não ficou ao abrigo dos auxílios de Estado, permitidos no quadro de exceção da covid-19. A TAP terá de atingir o break even, o chamado equilíbrio das contas, até ao final de 2021. Uma missão difícil de cumprir, já que em setembro a companhia apresentou um prejuízo de €700,6 milhões, com uma quebra de 66% das receitas, para €841 milhões, e um recuo dos gastos operacionais de 40%, para €1,4 milhões. Há ajustes pesados a fazer. Para que as receitas cresçam, a TAP vai precisar dos EUA e do Brasil e vai depender da generosidade da Direção-Geral da Concorrência (DG Comp), nomeadamente da sua permissão para manter slots essenciais nos seus mercados europeus e transatlânticos e uma frota à medida. A dimensão da TAP é, por isso, uma questão chave. A administração prevê um ajustamento até um máximo de 101 aeronaves até 2025, ainda assim menos do que os 105 aviões que tinha no início de 2020. A ideia é voltar a crescer.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt

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