A Sonangol pôs o BCP na linha da frente das fusões que podem acontecer em Portugal. O presidente executivo da petrolífera angolana, dona de cerca de 20% do banco, afirmou que está aberto a estudar o envolvimento do banco em operações de consolidação.
“A Sonangol está a acompanhar os movimentos eventuais de consolidação bancária em Portugal e, caso surja alguma oportunidade, o assunto será avaliado com os outros parceiros investidores no Millennium bcp”, afirmou Sebastião Gaspar Martins, numa entrevista por correio eletrónico à Reuters, publicada esta quarta-feira, 2 de dezembro. A Fosun é dona de 29% do BCP, enquanto a Sonangol tem 19,5% do seu capital.
Questionado sobre se veria com bons olhos que o BCP fosse um elemento ativo da consolidação na banca portuguesa, o presidente da petrolífera angolana respondeu afirmativamente: “a Sonangol está aberta a considerar este tipo de circunstâncias, em conjunto com os outros sócios do banco”.
A vontade de encontrar uma solução para o banco liderado por Miguel Maya existe, claramente, ao contrário da Galp, onde Sebastião Gaspar Martins diz, “definitivamente”, pretender manter a sua posição.
Ainda que classificando-a como uma participação estratégia, o presidente da Sonangol tem uma posição diferente em relação ao BCP, estando até a “monitorizar o seu desempenho”. “Se se apresentar uma boa oportunidade para desinvestimento, iremos avaliá-la e fazer as recomendações que se afigurarem as mais acertadas para o contexto e necessidades da Sonangol”, continuou o gestor no conjunto de respostas dadas à Reuters.
Decisão será em "estreita articulação" com gestão
Ao final da tarde desta quarta-feira, 2 de novembro, o banco liderado por Miguel Maya enviou uma nota à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), dando conta de que qualquer decisão da Sonangol será em estreita articulação com a gestão.
"O BCP confirmou hoje junto da administração da Sonangol que esta embora mantenha a sua estratégia em relação ao banco está atenta a eventuais movimentos de consolidação bancária na zona euro e em Portugal, e que, como investidor, analisará, sempre em estreita articulação com o banco e os demais acionistas estratégicos, eventuais oportunidades de criação de valor que possam fazer sentido para a Sonangol, para o banco e para os seus acionistas", aponta o comunicado.
Fosun já disse que continua a apoiar BCP
Miguel Maya, o presidente executivo do BCP, tem dito que a prioridade não é fazer aquisições nem fusões neste momento, mas também já sublinhou que tem a obrigação de olhar para qualquer dossiê que seja colocado no mercado. Aliás, um dos exemplos noticiados foi, por exemplo, o Banco Montepio.
Esta posição da Sonangol em relação ao BCP é uma inversão à posição estratégica que tem sido assumida. Ainda no ano passado, o líder da empresa estatal angolana reafirmou que pretendia manter o investimento no banco português ao nível atual. A posição altera-se agora, quando se fala mais intensamente de fusões na banca - e, aliás, pouco depois de um estudo do Goldman Sachs ter apontado para o CaixaBank e para o Santander como possíveis interessados no BCP.
A Fosun que é a maior acionista do banco, disse ao Expresso, em novembro, que "continua a apoiar o BCP". "É uma empresa com grande potencial, dotada de equipas de excelência. Estamos muito empenhados em providenciar todo o suporte necessário ao desenvolvimento do banco”, acrescentou o grupo chinês que é dono da Fidelidade em Portugal.
(Notícia atualizada às 17.40 com comunicado enviado pelo BCP à CMVM)
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt