BBVA e Sabadell já não se vão juntar (mas BBVA continua com muito dinheiro para gastar)

Comunicado do BBVA: “O BBVA comunica que as conversações em relação a uma potencial operação de fusão com o Banco de Sabadell acabaram sem que se tenha chegado a um acordo”.

Comunicado do Sabadell: “Informa-se que o conselho de administração do Banco Sabadell decidiu dar por finalizadas tais conversações entre as partes por não terem alcançado um acordo sobre a eventual relação de troca de ações de ambas as entidades”.

Nem chegaram a decorrer duas semanas desde o arranque oficial das conversações. Numa fusão, há uma relação de troca das ações com base na avaliação e, segundo relata o Cinco Días, o Sabadell não estava satisfeito com o valor atribuído pelo BBVA, que aponta para uma grande diferença entre as marcas comerciais de ambos.

Assim, não é criado um novo grande banco que, em Espanha, podia fazer face ao grupo que vai resultar da integração do Bankia no CaixaBank. Seria o sétimo maior banco da Europa em ativos.

Certo é que o BBVA, com uma sucursal em Portugal, fica, assim, com uma grande folga de capital já que, no arranque das negociações, o banco anunciou a venda da sua operação nos Estados Unidos da América, transação que lhe dá folga para uma fusão de grande envergadura sem que para isso precise de pedir dinheiro aos acionistas (difícil no atual contexto de pandemia).

Já o Sabadell, que já foi parceiro do português BCP, anunciou que vai lançar uma nova estratégia em que a prioridade é o “negócio doméstico espanhol”, mas que vai analisar “estratégias alternativas” relativas aos ativos internacionais, onde se destaca o inglês TSB. O banco, com sede em Alicante, tem uma pequena sucursal em Portugal.

Em bolsa, a notícia teve impacto (quando se deu o arranque das negociações, a reação em bolsa foi bastante positiva e animou todo o sector bancário espanhol). Esta sexta-feira, as ações do Sabadell deslizam mais de 10%, enquanto o BBVA até consegue contrariar e soma mais de 2%. Os concorrentes Bankia e CaixaBank (dono do BPI) também seguem em tendência contrária, com o primeiro a recuar e o segundo a subir. O Santander – que assim não é superado em dimensão pelo banco fusionado – está a valer mais de 1% do que no fecho de ontem.