O Banco Central Europeu (BCE) vai “estar presente” na resposta a dar à segunda vaga da covid-19, garantiu esta quarta-feira Christine Lagarde, na abertura do Fórum virtual de dois dias sobre política monetária, em outros anos realizado presencialmente em Sintra.
Tão importante quanto o nível dos estímulos monetários é a sua duração, afirmou a presidente do BCE, pelo que voltou a referir que na próxima reunião de 10 de dezembro se procederá a uma “recalibragem” da atuação. O anúncio desta "recalibragem" do pacote de estímulos foi anunciado na última reunião do BCE realizada a 29 de outubro.
“O BCE esteve presente na resposta à primeira vaga e estará presente agora na segunda vaga”, sublinhou. Os analistas esperam que os banqueiros do euro anunciem em dezembro um reforço das linhas de financiamento barato da banca e do programa especial de aquisição de ativos de resposta à pandemia lançado em março e conhecido pela sigla PEEP (com uma dotação de 1,35 biliões de euros), bem como a extensão da sua duração para além de junho de 2021.
Apesar das expetativas positivas geradas pelas notícias vindas da frente da investigação de vacinas, Lagarde temperou o otimismo sobre o andamento da economia em 2021 e destacou que, até que um quadro de vacinação esteja solidamente no terreno, é preciso que a política monetária, e sobretudo a orçamental, “preencham a lacuna”. O reforço dos estímulos é indispensável para que “uma contração excecional continue excecional e não se transforme numa recessão convencional que se autoalimenta”.
Lagarde chamou a atenção que a segunda vaga da covid-19 baralhou a recuperação iniciada no terceiro trimestre na zona euro. O que se pensava ser uma retoma ascendente imparável no segundo semestre do ano está em risco. A recuperação que temos em curso está marcada pelo “para-arranca”, referiu a presidente do BCE, em virtude das medidas necessárias de resposta à segunda vaga do coronavírus neste último trimestre e das consequências de médio prazo que este novo surto poderá ter.
Lagarde destacou, nesta intervenção de abertura do Fórum, quatro consequências mais duradouras na economia real provocadas por esta segunda vaga: o risco do reforço de uma atitude de poupança por precaução por parte das famílias (contraindo ainda mais o consumo); o disparo das falências no tecido económico fruto do que Lagarde designou por “multiplicador de fecho de empresas”; aperto no crédito bancário sobretudo no acesso por parte das pequenas e médias empresas; aumento dos desempregados “desencorajados” e da situação de pobreza das camadas com mais baixos rendimentos e fracas qualificações particularmente afetadas pela disrupção no sector dos serviços que está a dominar a atual crise.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt