Proprietária da TVI gasta €2,4 milhões com reestruturação
Resultado operacional da Media Capital continua negativo, mas CEO vê melhoria nos últimos meses
Resultado operacional da Media Capital continua negativo, mas CEO vê melhoria nos últimos meses
Jornalista
A Media Capital, empresa que mudou de acionistas nos últimos dias, gastou mais de 2,4 milhões de euros com a reestruturação em curso. Estes encargos contribuíram para desequilibrar ainda mais o resultado operacional da empresa que detém a TVI. O grupo espera melhores resultados nos próximos dois meses. O CEO acredita em voltar à rentabilidade do passado.
Os últimos quatro meses foram aqueles em que os custos com a reestruturação (não especificados pela Media Capital) mais se agravaram. Até junho, a Media Capital tinha gastado 1,3 milhões de euros nesta rubrica, onde constam, por exemplo, indemnizações por saídas de pessoal. Nos quatro meses posteriores, até outubro, foram mais 1,1 milhões, totalizando, nos dez meses, 2,4 milhões de euros. É um crescimento de 64% em relação aos custos com reestruturação que tinha registado no mesmo período de 2019.
Neste período, já se deu a mudança do CEO, com a saída de Luís Cabral e a entrada de Manuel Alves Monteiro (e foram pelo menos 850 mil euros só nesta mudança), mas também tem havido contratações e saídas de peso. Duas jornalistas com histórico em Queluz de Baixo, Ana Leal e Alexandra Borges, também chegaram a acordo para abandonarem a televisão.
A reestruturação em curso acompanha as mudanças acionistas, com o término da ligação à Prisa e o investimento do grupo de empresários, onde estão a Triun, de Paulo Gaspar, da Lusiaves, as Tintas CIN, mas também Cristina Ferreira e Tony Carreira. Mário Ferreira é o principal acionista.
Os números sobre os gastos com reestruturação constam do resumo dos indicadores financeiros que a Media Capital divulgou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) na passada semana. A empresa, dona da produtora Plural e da Rádio Comercial, registou uma quebra de 22% dos rendimentos operacionais (receitas, como publicidade, entre outras), e uma descida de 8% dos gastos operacionais.
É assim que o EBITDA (resultado antes do impacto com juros, juros, impostos, depreciações e amortizações) acaba nos 6,8 milhões de euros negativos entre janeiro e outubro deste ano, bem longe dos 13,4 milhões de euros positivos nos primeiros nove meses de 2019. Sem os gastos com reestruturação (subtração feita já que não são recorrentes), o EBITDA seria de 4,4 milhões de euros negativos – ainda assim, menos negativo do que no final de junho. Nestes números, a dona da TVI (concorrente da SIC, que, como o Expresso, é detida pela Impresa), não divulga o montante total de prejuízos (que estavam em 14 milhões nos primeiros seis meses do ano).
Em comunicado enviado às redações, o presidente executivo da Media Capital, Manuel Alves Monteiro, sublinha que “o controlo de gastos que o grupo tem em marcha” permite acredita que conseguirá fechar 2020 com o EBITDA que não contabiliza os gastos com reestruturação “a tender para o zero”. Além disso, há uma melhoria, diz, dos efeitos da pandemia de covid-19.
“Através da continuação da melhoria dos contextos externo e interno, o Grupo Media Capital antecipa um reforço do seu posicionamento competitivo no setor e um desagravamento substancial dos comparativos financeiros nos restantes meses de 2020”, indica o comunicado da empresa de media. Manuel Alves Monteiro adianta mesmo que “existe uma forte expetativa do grupo recuperar níveis históricos de rentabilidade já exibidos em exercícios passados”.
A dívida financeira da Media Capital ascende a 102,7 milhões de euros em outubro, mais de 10 milhões acima do montante de dezembro de 2019. Ainda assim, a dívida líquida (que desconta as disponibilidades e os montantes em caixa) desceu 2 milhões, totalizando 86 milhões.
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