Cerca de 16 mil créditos da Caixa deixaram de estar protegidos por moratórias em outubro
CGD tem 13% da carteira de crédito total com suspensão de prestações
CGD tem 13% da carteira de crédito total com suspensão de prestações
Jornalista
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) tinha 63,4 mil operações de crédito protegidas por moratórias no final de outubro. O número é elevado, mas mostra que houve clientes do banco público a pedir para abandonar este balão de oxigénio no fim de setembro.
As moratórias legal e da Associação Portuguesa de Bancos (APB) foram estendidas em setembro deste ano, permitindo que os clientes não paguem as suas prestações até setembro de 2021. Mas quem não quis esse prolongamento automático podia sinalizá-lo ao banco, abandonando-o no fim de setembro (data em que deixava de ser possível aderir a novas moratórias). E, segundo dados disponibilizados pela CGD, isso aconteceu.
A 28 de julho, havia mais de 78 mil contratos de crédito sob moratórias, num montante total de praticamente 7 mil milhões de euros. Houve aumento gradual até setembro mas, com o fim do período para a adesão às moratórias e com a possível não extensão do prazo, o número de operações sob moratórias caiu para 62,4 mil, representando 5,7 mil milhões de euros.
A maior parte das desistências ocorreu em particulares (menos 13 mil operações, para um total de 42 mil), mas também aconteceu nas empresas (menos 2,6 mil contratos, totalizando 21 mil).
Para o administrador financeiro da Caixa, esta é uma boa notícia: “demonstra que muitos clientes puderam reunir condições para retomar o pagamento”, declarou José de Brito na conferência de apresentação de resultados dos primeiros nove meses do ano - período em que os lucros recuaram 39%. A maior parte retomou os planos de pagamento, mas alguns também amortizaram todo o seu crédito.
Alguns créditos, como leasings, não podiam ser prorrogados, mas José de Brito diz que esse número é residual.
Há duas razões, segundo o administrador financeiro da CGD, para a evolução registada.
Primeiro, porque os clientes, nos primeiros meses da pandemia, correram a pedir moratórias numa “atitude preventiva”. “Com alguma perspetiva diferente, optaram agora por não prolongar”.
Em segundo lugar, adiantou o administrador, muitos dos créditos estavam sob a moratória da Associação Portuguesa de Bancos (APB), e a sua extensão coloca-os na moratória pública, o que trazia alguma burocracia, e pode ter sido um desincentivo para a prorrogação.
Este nível de moratórias mostra que 13% da carteira de crédito total se encontra sob moratórias - 9,6% da carteira de crédito a particulares e 21,2% a carteira de crédito a empresas.
Nos primeiros nove meses do ano, a Caixa registou um reforço de 220 milhões de euros das imparidades de crédito e de provisões para garantias bancárias, em antecipação aos “efeitos expectáveis da crise económica”.
Ao todo, em setembro (e portanto antes de haver a possibilidade de não seguir para a extensão automática das moratórias), havia 751 mil contratos sob moratórias em todo o sector bancário nacional.
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