Economia

Teletrabalho já não é visto como uma moda

Teletrabalho já não é visto como uma moda
Getty Images

Projetos Expresso. O estabelecimento firme do trabalho à distância e a maior flexibilidade na mobilidade laboral é a quinta de seis tendências que pode conhecer até este sábado com o projeto "Portugal 20/21", que junta o Expresso à Deloitte

Teletrabalho já não é visto como uma moda

Tiago Oliveira

Jornalista

O teletrabalho foi um dos termos mais ouvidos ao longo dos meses de pandemia e, se tal foi resultado das obrigações do confinamento, parece claro que muitas das novidades que trouxe vieram para ficar no seio do mundo laboral. Trabalhar à distância é algo do qual muitos trabalhadores e gestores já não abdicam.

Dados da Deloitte mostram que, entre os líderes empresariais inquiridos para o seu "CEO Snapshot", 52% instalou mais de metade dos seus colaboradores em regime de teletrabalho, incluindo 29% que instalou 80% dos colaboradores neste regime. Segundo dados divulgados pelo INE, o número de teletrabalhadores em Portugal cresceu 23,1% no segundo trimestre deste ano e a tendência não parece deixar margem para dúvidas.

"A pandemia de covid-19 veio acelerar aquilo que já era inevitável", garante Miguel Stilwell d’Andrade. "Neste 'salto forçado' de cinco ou dez anos que foi dado em poucos meses, desmistificaram-se alguns temas" e o teletrabalho é um deles, acredita o CEO interino da EDP. Como resultado da pandemia, a empresa implementou um sistema de trabalho híbrido que coloca o trabalho à distância no topo das prioridades e promove "simultaneamente uma maior flexibilidade e conciliação com a vida pessoal".

Desafio da transição

As organizações viram-se obrigadas a acelerar a adoção de ferramentas colaborativas e a repensar ou reformular os seus
regimes e espaços de trabalho. Um exemplo de referência é o crescimento do Zoom, que se tornou sinónimo de reuniões virtuais, catapultando a valorização da empresa para níveis quatro vezes superiores ao contexto pré-pandemia.
"Estamos a assistir a uma alteração de paradigma. Mesmo as organizações mais conservadoras digitalmente foram forçadas a redefinir a sua forma de trabalhar e a adaptar a cultura organizacional. O trabalho remoto ganhou escala e projeta-se como incontornável ao nível mundial", acrescenta o CEO da Vodafone Portugal, Mário Vaz.

A pandemia gerou igualmente uma aceleração significativa de uma área da economia alicerçada em empregos temporários, flexíveis, que tipicamente envolvem a interação com clientes através de uma plataforma online, como a Uber, por exemplo. Por outro lado, de forma a apoiar os colaboradores a lidar com eventuais sentimentos de incerteza e ansiedade gerados pelo contexto atual, diversas organizações têm disponibilizado linhas de aconselhamento e sessões de bem estar aos seus colaboradores e familiares.

"Ainda se observam diferentes velocidades, em função da dimensão e dos setores de atividade", lembra Mário Vaz. "Apesar de se ligarem à Internet ao mesmo ritmo, é teoricamente mais fácil fazer transformações nas pequenas e médias empresas do que nas grandes empresas, porque nestas últimas a estrutura é naturalmente mais pesada e, em muitas situações, mais avessa à mudança", acrescenta. Por isso, é da opinião que "a obtenção de meios para fazer essa transição será o maior desafio para o tecido empresarial português".

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: toliveira@impresa.pt

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