Nos primeiros nove meses do ano os resultados do BCP caíram de 270,3 milhões de euros em 2019 para 146,3 milhões, um decréscimo de 45,9%. Para isso pesou também o aumento de imparidades e provisões para 550,7 milhões, o que correspondeu a um aumento de 46% face aos primeiros nove meses de 2019. Ou seja mais 173,6 milhões do que em igual período de 2019.
Para isso contribuiu não só a constituição de imparidades relacionadas com a pandemia, por antecipação, mas também, como referiu Miguel Maya , o presidente do BCP, relacionado com a questão "dos francos suíços" na concessão de crédito à habitação do Bank Millennium na Polónia.
Os recursos totais cresceram 3,9% em termos consolidados e na atividade doméstica o crescimento foi de 4,7%. Já o crédito bruto cresceu 2,7% , sendo que em Portugal o crescimento foi de 3,6%.
Miguel Maya refere que os últimos trimestre foram "muito difíceis" mas que o banco "mostrou ser resiliente".
As comissões líquidas registaram um decréscimo marginal de 0,2%, totalizando 518,1 milhões de euros em termos do grupo com as comissões bancárias a cair 2,1% no período em análise.
Do resultado consolidado do grupo na atividade em Portugal o lucro ascendeu a 91,1 milhões de euros no final do terceiro trimestre o que compara com lucros de 125,5 milhões em igual período de 2019. Para isso contribuiu também o contexto decorrente dos impactos da pandemia.
O contributo das operações no exterior registaram um decréscimo de 58,6% face a igual período de 2019, Na Polónia, o Bank Millennium registou um lucro de 29,8 milhões, menos 76% face a igual período de 2019. Em Moçambique os lucros ascenderam a 61,3 milhões , ou seja menos 17,9% e em Angola os lucros de 6,7 milhões de euros no terceiro trimestre de 2019 passaram para prejuízos de 6,9 milhões de euros nos primeiros nove meses do corrente ano.
"Não fazemos favores a ninguém"
Quando questionado sobre o empréstimo que a banca vai fazer ao Fundo de Resolução para injetar capital no Novo Banco, Miguel Maya diz que o mesmo está a ser analisado, não está concluído. E acrescenta que o BCP "tem intenção de participar", refere não saber "se vamos ter mais empréstimos", para concluir que: "não estamos a fazer favores a ninguém". O que o banco está a fazer é analisar e avaliar o risco desse empréstimo.
Recorde-se que a banca foi chamada a financiar o Fundo de Resolução para que o fundo não tivesse de se endividar junto do Estado para responder à chamada de capital que o Novo Banco irá fazer relativamente às perdas que registe este ano. No Orçamento de Estado para 2021 a verba relativa a essa chamada é de 470 milhões de euros, parte da mesma a financiar pelos bancos.
E fez ainda questão de afirmar que está completamente fora de causa que os bancos possam entrar diretamente no capital do Novo Banco.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: IVicente@expresso.impresa.pt