"Alguma surpresa". É esta a reação da Associação Portuguesa de Centros Comerciais - APCC à decisão da Câmara de Matosinhos encerrar mais cedo os shoppings no concelho, onde se situam duas unidades de grande dimensão: o NorteShopping e o MAR Shopping. "Estamos a falar de ambientes seguros e controlados, onde foram realizadas transformações, por via de elevados investimentos, para maximizar a segurança, o distanciamento social, bem como o cumprimento de todas regras sanitárias", diz Sampaio de Mattos ao Expresso.
O presidente da APCC admite que "as questões de Saúde Pública devam ser tratadas com muita prudência e realismo, nomeadamente a situação atual na zona de Matosinhos". No entanto, deixa claro: "Não conseguimos compreender os objetivos de uma medida que, ao restringir o horário, poderá contribuir para uma maior concentração de pessoas. Daí defendermos que os centros comerciais possam ter horários alargados, como os horários anteriores à pandemia".
Sublinhando que a vertente da segurança sanitária tem sido certificada por várias organizações nacionais e internacionais de referência, que atestam os centros comerciais como locais seguros, a APCC recorda que também tem sugerido o aumento do número máximo de pessoas permitido, nomeadamente no interior das lojas, "evitando assim possíveis aglomerações de clientes nos espaços comuns dos centros comerciais".
"A economia portuguesa e o sector dos centros comerciais não suportam mais paragens de funcionamento forçadas. Estas situações provocam prejuízos avultados, perdas de emprego no sector, e contribuem para o desacelerar da economia”, alerta António Sampaio de Mattos.
A Câmara de Matosinhos anunciou na terça-feira que, em reunião da Comissão Municipal da Proteção Civil, com a participação da Administração Regional de Saúde do Norte, ficou decidido por unanimidade antecipar o encerramento dos centros comerciais para as 21h, a par de outras medidas mitigadoras do contágio a nível municipal e que a autarquia quer ver serem implementadas a nível supramunicipal.
O líder metropolitano do Porto e presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, pede também ao Governo que decrete estado de emergência e defende o recolher obrigatório.
"Segurança e conforto" são prioridades, diz CBRE
Em linha com a APCC, a CBRE que gere 8 centros comerciais em Portugal, incluindo o Alameda Shop & Spot, no Porto, considera que "a redução de horários poderá levar a uma maior aglomeração de visitantes – consequência dos picos de afluência - , visto que a tendência é visitarem-se os centros no final do dia de trabalho ou no fim de semana". Mas Luís Arrais, Retail Property Management Director Iberia da consultora, faz questão de deixar claro que "em relação aos visitantes dos centros e retails parks, é a sua segurança e conforto que estão sempre entre as principais prioridades".
“Os centros comerciais tornaram-se ambientes ainda mais seguros e controlados, cumprindo todas as medidas de segurança e higiene publicadas pelas Direção Geral de Saúde", diz este responsável, sublinhando que um numero significativo das lojas incluídas nos centros comerciais e retail parks geridos no seu universo são PMEs, e "desde o inicio da pandemia têm sido bastante impactados com as medidas tomadas", por vezes não têm serviço de vendas online, e, "com o incremento das restrições, podem ver em risco a sua própria sobrevivência".
De qualquer forma, garante, "serão sempre cumpridas as indicações da DGS ou de qualquer entidade pública no sentido de garantir a segurança dos espaços e dos visitantes".
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