A produção mundial de vinho em 2020 deverá ficar entre os 254 e os 262 milhões de hectolitros, 1% acima do ano passado, mas longe do recorde de 300 milhões registado em 2004 e quase repetido em 2018, indicam as primeiras estimativas de vindima avançadas pela OIV - Organização Internacional da Vinha e do Vinho, esta terça-feira.
Mas estar abaixo da média dos últimos anos, "não é necessariamente uma má notícia para o sector do vinho", sublinha a OIV, atenta ao atual contexto de tensões geopolíticas, alterações climáticas e pandemia e "à volatilidade e incerteza no mercado global do vinho", nesta estimativa que considera os dados de vindima de 30 países onde está concentrada 84% da produção mundial.
Na Europa, onde as boas condições climáticas favoreceram uma boa vindima, que acabou por ser limitada por medidas adotadas pelos governos dos diferentes países e por associações de produtores no sentido de mitigar o impacto da covid-19 no mercado , o volume de produção este ano terá rondado os 159 milhões de hectrolitros, 5% acima do ano passado. "Em algumas regiões, os produtores decidiram fixar níveis de vinificação abaixo de 2019 numa reação à quebra da procura", sublinha.
Mas uma análise mais fina do que se passou no continente europeu mostra que o quadro é "muito mais heterogéneo" do que no passado recente. E a prova é o quadro dos três maiores produtores (Itália, França e Espanha) que representam 49% da produção mundial e 81% da produção da União Europeia. Os primeiros números destes países indicam que Itália caiu 1% (43,9 milhões de hectolítros), enquanto França teve um aumento modesto de 4% (43,9 milhões) e Espanha disparou 11% (37,5 milhões).
Quanto a Portugal, manteve-se no nível de 2019 e dos últimos 5 anos, nos 6,5 milhões de hectrolitros, tendo apresentado variações entre os 7 e os 6 milhões de hectrolitros desde 2015.
No resto do mundo, os EUA terão ficado 1% acima do ano passado, nos 24,7 milhões de hectrolitros, enquanto a China deverá "continuar a contrair", apesar de não haver números disponíveis para 2020, afirma a OIV, com base na linha descendente da produção do país (13,3 milhões de hl em 2015 e 8,3 milhões em 2019).
A Argentina regista uma quebra de 17% face a 2019, para os 10,8 milhões de hectolitros, a África do Sul sobe 7% no para os 10,4 milhões, a Austrália cai 11% (10,6 milhões).
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