Entre fevereiro, último mês livre dos impactos económicos da pandemia e do confinamento, e setembro, Portugal ganhou perto de 95 mil novos desempregados, um aumento de cerca de 30% que se distribui quase uniformemente pela totalidade do território nacional. Há 45 exceções, são concelhos onde o desemprego até baixou face a fevereiro. Assim se distribuía a crise no mapa nacional em setembro.
Há três meses consecutivos que o desemprego registado em Portugal, medido pelo número de inscritos nos serviços de emprego do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), está a aumentar. Setembro fechou com 410.174 desempregados inscritos nos centros de emprego nacionais, revela a síntese estatística esta terça-feira divulgada pelo IEFP.
São mais 94.612 desempregados inscritos do que em Fevereiro deste ano, o último mês pré-covid, e mais 108.892 do que os registados em setembro de 2019, traduzindo aumentos de 30% e 36,1%, respetivamente. E embora possa não parecer, há nestes números uma má e uma notícia. A má (e óbvia) é que o desemprego aumentou, e muito, e isso significa que milhares de trabalhadores estão a pagar uma pesada fatura da crise gerada pela pandemia. A boa, e que não é de desvalorizar, é que apesar de tudo, o aumento do desemprego abrandou em setembro face ao que vinha acontecendo nos dois meses anteriores.
Desde abril que não se inscreviam tantos desempregados nos centros de emprego do continente. Foram 54.769 as novas inscrições que deram entrada em setembro, traduzindo um aumento de 27,3% face a agosto e de 7,4% face ao período homólogo, ou seja, ao mesmo mês de 2019.
Mas este aumento do número de inscritos foi acompanhado por uma evolução positiva das novas ofertas de emprego disponibilizadas (28,8%) e também das colocações que aumentaram 23,3% face a agosto, abrangendo 8.244 desempregados que estavam inscritos.
Contas feitas, e considerando também o fluxo de novos registos e a anulação de inscrições, o aumento do número de desempregados inscritos nos centros de emprego ficou-se em setembro pelos 0,2%, mais 843 desempregados em termos líquidos, quando em agosto tinha atingido os 0,5% ou, em termos líquidos, 2.029 desempregados. É, naturalmente, necessário esperar pelos próximos meses para aferir a relevância deste abrandamento, tanto mais que as empresas que estiveram até final de julho abrangidas pelos mecanismos extraordinários de proteção ao emprego criados pelo Governo, como lay-off simplificado, começaram em Outubro a poder despedir sem restrições.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: cmateus@expresso.impresa.pt