Economia

Banco de Portugal vê recuperação “rápida” da economia portuguesa

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal
Mário Centeno, governador do Banco de Portugal
PEDRO NUNES

Banco central antecipa queda de 8,1% do PIB português este ano, quando em junho esperava contração de 9,5%. Tombo da economia portuguesa fica “alinhado” com o esperado para a zona euro

O Banco de Portugal (BdP) está mais otimista sobre o comportamento da economia portuguesa este ano, apontando para uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 8,1%. É um número inédito, mas, mesmo assim, menos grave que a contração de 9,5% que o BdP tinha antecipado em junho.

As novas projeções foram avançadas pelo governador, Mário Centeno, na apresentação do Boletim Económico de outubro, esta terça-feira, em Lisboa. E adiantou que a recuperação está a ser mais rápida do que o previsto, sinalizando mesmo que "muitos indicadores apontam para uma recuperação em V".

O número apontado para a contração da economia portuguesa fica assim “totalmente alinhado” com a área do euro, frisou Mário Centeno. Isto quando, em junho, era projetada “uma divergência”, constatou o governador do BdP.

Recorde-se que o Banco Central Europeu antecipa uma queda de 8% para o PIB do espaço da moeda única.

Mário Centeno frisou que a composição da evolução da economia é, contudo, “bastante diferente” entre Portugal e a zona euro.

Assim, para Portugal, o BdP espera uma queda do investimento, medido pela Formação Bruta de Capital Fixo, de apenas 4,7%. O que significa uma melhoria de 6,4 pontos percentuais face ao antecipado em junho. Já na área do euro, este indicador deve cair 12,3%. E a diferença está, em particular, no sector da construção, que tem um desempenho muito melhor em Portugal.

Também o consumo “se comporta ligeiramente melhor em Portugal”, afirmou Centeno.

“O contraponto são as exportações, sobretudo de serviços, associado ao turismo”, destacou.

O BdP aponta para uma queda anual das exportações de bens e serviços de 19,5%, ainda assim melhorando esta projeção quase em 6,5 pontos percentuais.

Esta melhoria das projeções “está muito associada a um segundo trimestre melhor do que tínhamos antecipado em junho”, explicou Centeno. Ou seja, apesar da queda inédita sofrida pela economia portuguesa, não foi tão má como o BdP chegou a temer.

Ao mesmo tempo, “a recuperação que projetamos é rápida, sustentado nas políticas adotadas e na preparação da economia portuguesa para responder aos desafios”, frisou Centeno, destacando o “grande contraste face à crise anterior”.

O governador destacou mesmo o facto de “muitos indicadores apontarem para uma recuperação em V”, não arriscando, contudo, falar de recuperação em V devido à “elevada incerteza”. E adiantou que a economia portuguesa terá tido uma evolução no terceiro trimestre face aos três meses anteriores "muito forte".

O BdP não apresentou, contudo, projeções para os próximos anos, o que só fará em dezembro.

Mário Centeno frisou como pilares que sustentam a recuperação que “o país tinha condições de adotar políticas contracíclicas”, que reforçaram a confiança. Bem como a conjugação de políticas nacionais e europeias.

Reforçando que “a recuperação está a ser a um ritmo superior ao antecipado pelo BdP no início do Verão”, Centeno frisou que é “importante manter os níveis de confianca”.

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