Patrícia Carvalho foi a jornalista da SIC que moderou este debate online, mas que contou com a presença, em estúdio, de Ana Sofia Marta, vice-presidente da Accenture Portugal
José Fernandes
Projetos Expresso. A primeira parte do CEO Health Forum, promovido pela Accenture em parceria com o Expresso e a SIC, decorreu ontem à tarde, e juntou vários especialistas do sector para debater o futuro imediato da saúde em Portugal. A segunda parte aconteceu à noite, em direto na SIC Notícias, e contou, entre outros, com representantes dos principais grupos privados do país
Os desafios que a saúde tem pela frente nos próximos meses foi o principal tema a debate no CEO Health Forum, um encontro dividido em duas partes. Na primeira, que foi transmitido no Facebook da SIC Notícias à tarde, estiveram José Gonçalves e Ana Sofia Marta, presidente e responsável pela área de Saúde & Administração Pública daAccenture Portugal, respetivamente; Paulo Cleto Duarte, presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF); Alexandre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH); Paulo Nunes de Abreu, do Hospital do Futuro e ainda Rui Mesquita, professor da AESE Business School. O arranque esteve a cargo de Kaveh Safavi, o responsável da área de saúde da Accenture, que deixou uma mensagem gravada. Já a segunda parte contou com a presença de Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde; Salvador de Mello, CEO da José de Mello Saúde (grupo CUF); Luís Goes Pinheiro, presidente da Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS); Vasco Antunes Pereira, CEO do grupo Lusíadas e ainda Germano de Sousa, administrador do grupo Germano de Sousa. Estas foram as principais conclusões do encontro.
Tratar dos doentes não Covid
Para todos os intervenientes do encontro desta tarde, a prioridade dos sistemas de saúde, públicos e privados, já não pode ser a covid-19. Até porque, estima-se que, no final do ano, haja 12 milhões de consultas que ficaram por dar em Portugal.
“O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem, rapidamente, de absorver a covid-19. O SNS não-covid tem de começar a funcionar, porque há muito atraso nas listas de espera e porque já não é uma novidade. É preciso encontrar o equilíbrio entre a covid e não covid e isso tem de acontecer rapidamente porque os hospitais já aprenderam e temos de dar essa prioridade ao paciente não covid”, diz Paulo Nunes de Abreu. “Na saúde não podemos deixar ninguém para trás”, diz Alexandre Lourenço.
Para Ana Sofia Marta, o sector da saúde tem, desde que começou a pandemia, de lidar com três momentos distintos. O deles foi a respostas imediata ao virus; o outro é o que está a acontecer agora e que passa por esse equilíbrio entre covid e não covid e o terceiro é o futuro que tem de ser pensado já.
“Temos reagido, mas tem de haver uma maior capacidade de antecipação”, comenta Paulo Abreu.
A importância da tecnologia
O futuro da saúde passa, inevitavelmente, pela tecnologia, pela inteligência artificial e pela digitalização. Ela servirá para agilizar processos, permitir receitas online em vez de em papel, desinfectar quartos e áreas comuns, medir a temperatura, dar consultas online, promover o distanciamento social quando necessário ou mesmo ajudar a diagnosticar doenças. Mas, alerta Alexandre Lourenço, “O pior que pode acontecer é ter esta aceleração digital toda agora e depois perdê-la no pós-covid”.
Mas será também a tecnologia uma das principais soluções para combater a grande falta de profissionais de saúde que já existe e que se vai agravar ainda mais.
De acordo com Ana Sofia Marta, dados recentes da Organização Mundial de Saúde, antecipam que haverá 15 milhões de profissionais do sector da saúde em falta em 2030.
Segundo Kaveh Safavi, a tecnologia permite criar equipamentos e robôs que cumpram algumas das funções que eram dos humanos e que, dessa forma, possam aliviar os profissionais de saúde para se dedicarem a outras funções mais relevantes, como a personalização dos cuidados de saúde.
Para alguns, esta realidade pode levar a despedimentos, mas Rui Mesquita entende que “não será significativo”, precisamente porque o objetivo é o de auxiliar e não de substituir.
Tomar decisões mais rápidas
“A tecnologia pode trazer os cuidados de saúde para mais perto do consumidor. Por exemplo, um utente pode ir á farmácia falar com um pneumologista e ter lá o farmacêutico a descodificar tudo, e isto pode ser feito amanhã, mas estamos presos numa máquina”, diz Paulo Cleto Duarte.
Vasco Antunes Pereira, Isabel Vaz, Luís Goes Pinheiro e Salvador de Mello estiveram ontem à noite no estúdio da SIC para debater o papel dos privados e do Estado na saúde. A presença de Germano Sousa foi remota
Jose Fernandes
Telemedicina veio para ficar
A telemedicina e as teleconsultas são consideradas pelos profissionais do sector como uma das melhores respostas à falta de pessoal, mas também à propagação do contágio, repara Vasco Antunes. Além disso, considera Salvador de Mello, “aproxima as pessoas”.
“Se houve alguma coisa boa que esta pandemia trouxe foi que acelerou a adopção deste tipo de medidas e são uma arma muito importante de proximidade e não só numa lógica de pandemia”, diz Isabel Vaz.
De facto, conta Luís Goes Pinheiro, “Portugal está a entrar de corpo e alma nas inovações”. Não só antes da pandemia, mas também durante, mostrando essa capacidade de dar uma resposta rápida. “A ferramenta de telesaúde do SNS foi lançada durante a cerca sanitária de Ovar”, lembra.