Dar andamento ao projeto do aeroporto do Montijo é uma das prioridades do Governo para acelerar a recuperação do turismo quando acabar a pandemia do coronavirus. "Temos trabalhado com a ANA e o município da Moita para que nada justifique atrasos no calendário estabelecido e podermos ter um novo aeroporto em Lisboa para o que será a procura pós-covid", garantiu o primeiro-Ministro, António Costa, na conferência da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) que decorre esta segunda-feira em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, sob o tema 'Turismo Pós-Covid'.
Na V Cimeira do Turismo Português, António Costa frisou anda que "não será uma pandemia a alterar um projeto considerado necessário há mais de 50 anos" e que o "turismo pós-covid vai ser seguramente um bom sector de atividade num país que é o melhor destino do mundo há três anos consecutivos".
Mas António Costa reconheceu que "o problema é como chegar ao pós-covid", numa crise em que não se sabe "quanto tempo vai durar" e que "atingiu brutalmente as empresas de turismo". Para o primeiro-ministro, a prioridade de momento é "preservar o mais possível os ativos deste sector". "Precisamos de empresas para recuperar a atividade em pleno, tal como não podemos deixar perder os seus recursos qualificados."
Lay-off simplificado de regresso ao turismo
Para aguentar as empresas e os postos de trabalho nesta fase de pandemia em que "o sonho de ter uma vacina não será tão cedo", Costa avançou que "o Governo está a preparar a flexibilização de medidas de apoio à retoma neste sector", em particular no caso do sucedâneo do lay-off, tendo em conta que "o turismo não teve a evolução que se esperava e carece de apoios à manutenção dos postos de trabalho".
Manter o lay-off simplificado no turismo é uma reivindicação do sector, tendo em conta que o programa sucedâneo não se adapta à atividade, pois tem como pressuposto a recuperação económica, que não se verificou a nível turístico. Segundo frisou Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), o "Governo abandonar o lay-off simplificado é um erro estratégico" e no turismo este instrumento é necessário "para o país não mergulhar numa grave crise económica e social".
Sustentando que nesta fase há que "fazer o máximo possível com o mínimo de riscos adversos depois de vencer a pandemia", e que é preciso reajustar e tirar partido de programas existentes, António Costa aliciou ainda os empresários turísticos a "aproveitarem este período de menor procura para fazerem investimentos que depois de vencida a pandemia terão efeitos benéficos nas empresas".
O governante lembrou que "os locais que oferecem mais recato tiveram uma procura importante e é bom investir nesse sector". António Costa anunciou ainda que um dos focos do Governo será o de apoiar o turismo de natureza e que em outubro será lançado um programa para apoiar o turismo sustentável. "Devemos continuar a fazer investimentos e como sinal de confiança vamos abrir em outubro 7 concursos do programa Revive Natureza e até ao final do ano lançaremos 19 concursos", anunciou.
Apoios ao Algarve duplicam para €600 milhões
O primeiro-ministro anunciou também que será que incluído "no Orçamento do Estado do próximo ano um programa de apoio à procura no turismo para permitir aos clientes recuperarem parte do IVA pago na restauração em novas formas de compra".
No caso do Algarve, a principal região turística portuguesa, Costa avançou que vai duplicar a verba do seu programa operacional, que passará de 300 milhões de euros para 600 milhões de euros, no âmbito da renegociaçao do quadro financeiro plurianual para a região.
Acelerar o novo aeroporto de Lisboa, como defendeu António Costa, num momento em que a aviação está mais paralisada devido à pandemia mas a pensar no pós-covid, é aplaudido pelo sector do turismo. "Precisamos de imediato de começar a trabalhar na construção do aeroporto do Montijo", considerou por seu turno Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP).
Fernando Medina, presidente da câmara de Lisboa, frisou que nesta fase é fundamental "manter o músculo nas empresas turísticas " para preparar o pôs-covid. "Queremos ter mais esplanadas a funcionar em Lisboa no período de inverno, apesar de ser época baixa. À saída desta pandemia não vamos ficar numa posição diminuída no turismo, ao contrário devemos até sair reforçados", sustentou o presidente da Câmara de Lisboa.
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