Exclusivo

Economia

Faz mesmo sentido construir arranha-céus cada vez mais altos?

Nem sempre são razões económicas a motivar a construção de edifícios que desafiam a gravidade

Faz mesmo sentido construir arranha-céus cada vez mais altos?

João Silvestre

Editor Executivo

Um arranha-céus é muito mais do que sucessão quase interminável de andares uns por cima dos outros. Os 162 andares do Burj Khalifa, no Dubai, o edifício mais alto do mundo desde que foi inaugurado em 2010 representam uma forma de afirmação. Num território que, ano após ano, tem investido muitos milhões em projetos que o colocam debaixo dos holofotes de todo o mundo. Um prédio com 808 metros de altura é apenas um deles. É, sem dúvida, um excelente ‘postal’ para vender o destino. Mas será que, do ponto de vista económico, faz sentido investir neste tipo imóveis? Ou seja, a que altura está o equilíbrio entre custos e receitas? Foi a dúvida levantada pelos os economistas Gabriel Ahlfeldt (da London School of Economics, no Reino Unido) e Jason Barr (da universidade de Rutgers, nos EUA) no artigo “The economics of skyscrapers: A synthesis” que, no final de agosto, teve destaque num texto publicado no portal académico Vox, do Centre for Economic Policy Research.

Ao longo dos anos, o número de metros do edifício mais alto do mundo foi sempre aumentando. Durante cerca de quatro décadas, o recordista foi o icónico Empire State Building em Nova Iorque, entretanto já ultrapassado por vários edifícios em todo o mundo e relegado para a 41ª posição apesar dos seus quase 450 metros de altura. Ahlfeldt e Barr verificaram que tem havido uma tendência crescente ao longo dos anos. E encontram explicações na racionalidade económica: edifícios mais altos têm maiores custos de construção (pela complexidade da engenharia, pelos materiais mais exigentes ou pela tecnologia que exige, nos elevadores por exemplo) mas também permite rentabilizar os investimentos em áreas onde a escassez de espaço incentiva a aposta em altura. É deste equilíbrio que, num plano meramente económico, resultam as decisões de construir um arranha-céus. Mas, como sublinham os dois economistas, há também motivações não económicas. Seja afirmação política ou mesmo questões de ego que fazem com que, nos arranha-céus, o tamanho conte.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: JSilvestre@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate