O presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho, defendeu que os prémios de 2 milhões que foram atribuídos à comissão executiva que lidera (mas que só podem ser pagos em 2021) são determinados pelo cumprimento de critérios e lembra que, na parte dos salários fixos, é dos banqueiros que recebem pior.
"Não me venha dar os outros bancos como exemplo, porque o presidente do Novo Banco recebe 50% da média do que recebem os presidentes dos outros bancos, em 2018 e em 2017", declarou Ramalho na comissão de Orçamento e Finanças, no Parlamento, esta terça-feira.
António Ramalho alertou que não considera que ganha mal ("o presidente do Novo Banco não se está a queixar), mas que é o "presidente do Novo Banco mais mal pago dos presidentes do Novo Banco" (referindo-se a Eduardo Stock da Cunha e Vítor Bento).
Sobre esse tema, o CEO da instituição financeira quis deixar aos deputados os recibos de ordenado recebidos em cada ano. Em 2016 recebeu 10.175 euros, em 2017 passou para 10.523, no ano seguinte para 11.255 e em 2019 auferiu 11.145 euros líquidos por mês.
Ramalho tem um limite imposto pela Comissão Europeia, já que não pode receber uma remuneração dez vezes acima do salário médio pago em todo o banco, limite que cai se os objetivos determinados por Bruxelas forem cumpridos a meio do próximo ano.
Nesta altura, o presidente do banco também não pode receber remunerações variáveis. Apesar disso, a comissão de remunerações do Novo Banco decidiu que há um pacote de 2 milhões de euros em prémios para a equipa de gestão. Eles ficam decididos já, mas só serão pagos em 2022, quando não há o travão de Bruxelas.
Prémio é "discutir contabilidade"
"A remuneração variável não é utilizável até ao fim de 2021, mas no quadro da execução dos objetivos traçados deve ser provisionada", explicou Ramalho, dizendo ainda que a remuneração é definida com base em critérios objetivos. Ou seja, este pagamento possível está já reconhecido nas contas para a eventualidade de vir a ser pago. Assim, diz Ramalho, está-se "apenas a discutir contabilidade".
O direito a bónus, de 2 milhões de euros para a gestão, foi bastante discutido aquando da última chamada de 1037 milhões de euros ao Fundo de Resolução, que, como o Expresso então noticiou, recusou ficar responsável por aquele pagamento, só capitalizando o banco em 1035 milhões.
Sem incentivos para trabalhadores
Em relação à notícia do Expresso deste fim de semana que contava que o Novo Banco não definiu um sistema de incentivos para os trabalhadores gerirem os ativos tóxicos, Ramalho admitiu que, como detetou a Deloitte, ele não foi criado apesar de existir esse compromisso.
"É verdade que o banco não atribui incentivos a nenhum pessoal central do banco, também não na recuperação de crédito", disse, esperando que as pessoas trabalhem por gosto à instituição. Foi em 2019 que foi introduzido um esquema de incentivos para todo o banco e não apenas para quem gere a parcela tóxica, que pode levar a pedidos de empréstimos ao Estado.
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