O Android 11 está aí – e qualquer provocação com o facto de não ser possível descarregá-lo para telemóveis Huawei depara-se com uma constatação: na linha da frente da adoção do novo sistema operativo da Google encontram-se telemóveis de quatro marcas chinesas: o X2 e o Reno 3, da Oppo; o OnePlus 8 e One Plus 8 Pro; o Mi 10 e o Mi 10 Pro, da Xiaomi, e ainda o X50, da Realme. Alguns destes telemóveis referidos pelo site The Verge não estão disponíveis no mercado português, mas todos eles são construídos por quatro marcas chinesas. O que poderá levantar questões sobre a política de interdições nos EUA, mas também é ilustrativo da estreita relação entre o sucesso do Android e alguns maiores fabricantes chineses.
Antes de lançar oficialmente o Android 11 para as diferentes marcas de telemóveis, a Google já tinha começado a disponibilizar a nova versão beta do sistema operativo mais popular do mundo para os seus próprios telemóveis (para os modelos Pixel 2, 3, 3A, 4, e 4ª). Agora, esta versão torna-se a “definitiva” – apesar de ser provável que haja atualizações ao longo do tempo.
Os medidores de quotas de mercados ainda não tiveram sequer tempo de registar a entrada no Android 11 – mas já se sabe que basta ser um Android para ter uma boa probabilidade de se alcandorar à liderança do mercado.
No dia de lançamento, o Android depara-se com o seguinte panorama: hoje, é líder nos sistemas operativos dos dispositivos pessoais (tablets, telemóveis e computadores) com 39,23%, superando a Microsoft, com 35,43%. Se se restringir a análise apenas aos telemóveis, então o domínio do Android torna-se avassalador: 74,25% de quota de mercado mundial, e bem distante dos 25,15% do iOS usado pelos iPhones da Apple, revela a Statcounter. O que significa que o sistemas operativo da Google já terá superado a barreira dos três mil milhões de dispositivos.
Dentro do próprio Android, há uma dispersão grande – provavelmente devido ao facto de nem todos os dispositivos poderem correr as versões mais atualizadas do sistemas operativo: as quotas apuradas pela Statcounter revelam que a versão 10.0 lidera o segmento Android com 29,04%, sendo seguida pela versão 9.0, com 28,19%.
E perante este cenário, o que se pode esperar do Android 11? A Google não indica requisitos técnicos para a instalação do novo sistema operativo – mas ao consumidor importa não esquecer os acordos de distribuição que a gigante californiana assina com os diferentes fabricantes antes de tentar fazer uma instalação. E não será de estranhar que, nos próximos tempos, surjam mais modelos e marcas habilitadas a correr o Android 11.
Entre as novidades apresentadas pela própria Google no blogue oficial da empresa, há a ferramenta do Android Auto que permite passar a conectar-se com automóveis sem recorrer a cabos, e ainda uma outra que se destaca por ter forma de bolha. Ou pelo menos de bolha em termos figurados que remetem para os diálogos trocados em plataformas de mensagens: pois bem, com a nova versão do Android, passa a ser possível responder a mensagens apelidadas de “bolhas” pela Google e que surgem sobrepostas às aplicações que vão sendo usadas no momento pelo utilizador, sem ser necessário estar a mudar de ambiente.
Ainda nas mensagens, a Google destaca o facto de as diferentes apps especializadas passarem a estar concentradas num espaço específico na secção de notificações.
Esta será a novidade com maior impacto visível no que toca ao uso diário – mas não será a que terá maiores consequências do ponto de vista da segurança.
Com o Android 11, o acesso a câmaras, microfones e localização passa a exigir permissões em cada sessão de uso. No caso das apps instaladas no telemóvel, o Android passa a solicitar autorizações dos dados enviados para os produtores das apps, sempre que ficam algum tempo sem serem usadas.
Na segurança, também há novidades, como relatou esta terça-feira à tarde Dave Burke, vice-presidente da Google de Engenharia responsável pelo Android, no blogue oficial da Google: “Com os módulos adicionais de atualização do sistema do Google Play, ainda mais correções de segurança e privacidade poderão ser enviadas para o seu telefone a partir da Google Play, da mesma forma que as suas aplicações são atualizadas. Ou seja, irá receber estas correções logo que estiverem disponíveis, sem ter de esperar por uma atualização completa do sistema operativo”.
Para concluir, a Google informa ainda que o Android 11 vai ter um reforço que permite que um departamento de tecnologias de uma empresa mantenha a gestão de um parque de telemóveis ou tablets, sem violação da privacidade dos profissionais que usam os dispositivos.